AJ afastou-se abruptamente, mantendo-se de costas para porta, disse ofegante:
- Por favor, Janice, nos dê alguns minutos.
Cecília já havia ficado em pé, mas não conseguia levantar os olhos para olhar para a mulher horrorizada parada a porta, só conseguia alisar a saia amarrotada. Supostamente a secretária estava em choque, pois mesmo depois da frase de AJ, ela não se mexeu, com voz autoritária AJ disse:
- Janice, saia agora, por favor!
O corpo da mulher deu uma leve tremida e ela saiu fechando a porta atrás de si, sem dizer uma palavra.
Ele terminou de abrir o cinto, arrumou a camisa dentro da calça, sem olhar para Cecília, se aprumou e encaminhou-se ao sofá próximo as grandes janelas e sentou-se com as mãos cobrindo o rosto.
Depois de balançar a cabeça negativamente, levantou os olhos e encarou a mulher que o fazia cometer desatinos, os quais ele abominava: como homens que se aproveitavam da inocência de menores e outros que tratavam o lugar de trabalho como um parque de diversão sexual. Graças a Cecília, ele já havia cometido os dois pecados.
Mas olhar aquele rosto quase inocente e os olhos que ainda guardavam a chama do desejo e da vergonha de ser pega. Fazia-o esquecer que era um pecador. A queria, ah Deus, como ele a queria!
Como ele ainda seria capaz de negar isso a si mesmo se ela continuasse ali, tão perto? Se ela ainda continuasse na mesma cidade que ele? Ou até, pensou tristemente, se ela ainda habitasse o mesmo planeta? Tinha que mantê-la à distância! Essa frase repetitiva insistia em sua cabeça e por fim falou:
- Você, agora, precisa ir! De todos os problemas que já tinha, a sua presença e minha falta total de controle, mais uma vez, me causou mais uma dificuldade. Preciso me desculpar com Janice, ela não teve culpa de presenciar...
- AJ, eu...
- Não, Ciih, não. Eu gostaria de lhe pedir um favor, pela amizade que tivemos, que temos, eu acho – AJ sabia que estava correndo o risco de estar se abrindo demais, de Ciih saber que ela era seu ponto mais fraco, mas continuou:
- Preciso que você volte para Carlson. Preciso que você fique longe de mim. Eu não consigo ser eu mesmo com você por perto. Eu me perco me entrego e eu não quero isso...
Cecília estava se sentindo radiante, ela sabia que não poderia sorrir e nem gritar de alegria, que precisava manter a face séria, mas AJ estava deixando claro que ele sentia algo muito forte por ela, mas ela não havia escutado a frase final ainda:
- Eu não quero você em minha vida – e mesmo sabendo que, se um dia ele se arrependesse e no futuro descobrisse que não conseguiria viver sem ela, continuou – eu vou dizer somente uma vez, então preste atenção: Eu não sei que tipo de fantasias você criou a meu respeito, mas a única coisa que quero para você é que seja muito feliz em sua vida. Quero que você encontre um homem que a ame e você o ame igualmente, mas Ciih, esse homem não serei eu! Eu não a amo...
Um soluço dolorido saiu da garganta de Cecília que estava trancada até o momento, seu estômago se contraiu e ela o segurou se curvando. Ela imaginou que AJ não pudesse machucá-la mais do que a havia machucado há cinco anos atrás, mas aquilo estava sendo infinitamente pior.
Nada poderia ser pior para AJ do que ver Cecília naquele estado. Ele a amava mais que tudo, ela era mais que uma irmã para ele.
Irmã?! Rá!
Mas ele resolvera que dessa vez seria definitivo. Não queria mais Cecília próxima de sua vida, ele a desejava demais e ela era algo que ele não poderia ter, jamais. Então por que ficar se martirizando? Tanto ela como ele, precisavam viver livres desse..., ele nem ao menos sabia nomear o sentimento que os impelia um para o outro.
Ele levantou-se, pegou o telefone que estava no chão, derrubado com a paixão de minutos atrás e pediu a Janice que mandasse Gómez esperar Cecília no hall de entrada do prédio e depois a levasse para o apartamento de Mia.
Cecília achou que estava vivendo outra realidade, nada daquilo estava realmente acontecendo com ela. AJ a estava mandando embora, mais uma vez tirando-a da sua vida de maneira abrupta, sem palavras de consolo. Simplesmente: saia, pois eu não te amo... Uma nova dor no estômago a fez se curvar.
Sim, ela iria embora, ela prometera para si, que seria sua última chance, se AJ não a amasse, não a quisesse ela o esqueceria, então era isso que iria fazer, ela iria esquecê-lo!
Ah, como queria poder odiá-lo, mas odiá-lo mais que tudo, por lhe fazer sentir tamanha dor, mas sabia que a culpa era toda sua. Não tinha que amá-lo tanto, não deveria tê-lo desejado a ponto de sair de sua vida e ter tentado entrar na dele. Ele estava noivo e iria se casar... Sem conseguir se controlar Cecília começou a chorar. Como ela podia perder o restante de sua dignidade diante daquele homem que ela não conhecia mais? Saiu sem ao menos recolher as coisas que agora estavam, algumas espalhadas pelo chão e outras pela mesa. Desceria e esperaria o motorista no hall, como ela ouvira-o comunicar a Janice.
AJ viu Cecília sair chorando, lembrou-se que dessa vez era ela que saía e o deixava, mas na verdade não tinha muita diferença da vez anterior, não é mesmo? Os dois estavam machucados, ela com certeza mais que ele. Ou não? Por que ele jamais imaginou que iria sentir tamanha dor. Seu peito se apertava e lágrimas vinham aos olhos. Ele não se lembrava de ter experimentado tamanho sentimento de perda como agora.
Mas era para o bem dela! Ela tinha que ser feliz!
Os pais dele eram contra aquele relacionamento, os pais dela eram contra. Havia a diferença de idade, a ponte imensa da experiência que os separava. Nada disso era novidade para AJ. Ele já se ouvira falar de todos os motivos milhares de vezes, mas mesmo assim tudo aquilo era penoso demais. Estava cansado daquela história entre os dois. Era hora de colocar um ponto final naquilo tudo.
Terminou de se recompor, recolheu a comida, recusando ao seu cérebro qualquer pensamento em relação à mulher que trouxera aquilo.
Sentou-se a sua mesa e com a postura de sempre, empresário eficiente e sério, pediu a Janice que viesse ao seu escritório.
A mulher entrou e permaneceu de pé, com um ar constrangido, mas também indignado no rosto, até que AJ apontasse a cadeira para que ela sentasse. Após sentarem-se, os segundos de silêncio foram constrangedores e então ela falou o mais profissionalmente possível:
- Seu pai pediu para que você ligasse para ele assim que estivesse desocupado e sua noiva também ligou – o sarcasmo na palavra noiva não passou despercebido a AJ, mas se ela continuasse ele não toleraria insubordinação, mesmo que essa funcionária fosse mais velha de empresa do que ele próprio – e Sr. Mclean eu bati antes de entrar...
- Janice, Sra. Smith - era a primeira vez que a chamava assim desde que assumira a presidência da empresa – peço-lhe desculpas por a senhora ter presenciado... Aquilo e espero contar com a sua descrição.
- Por certo, senhor, como sempre.
- Obrigado, Janice, pode se retirar. Por favor, ligue para meu pai, sim?
- Pois não, senhor.
- E Janice, minha... Linda deixou algum recado?
- Não, senhor, somente disse que ligaria mais tarde.
- Obrigado.
- Com licença.
E Janice se retirou da sala, deixando para trás um AJ empenhado em esquecer tudo que se passara e a se concentrar no trabalho.
Cecília desceu no elevador, arrasada, mas não daria a AJ o gostinho de tê-la deixado naquele estado. Precisava sair dali, precisava realmente voltar para seus cavalos, sua vida, mas primeiro precisava desabafar, não chorar, espernear, ou bater os pés como uma menina mimada, somente precisava colocar para fora o que estava sentindo, para não explodir. Já que não tinha seus cavalos ali, para levá-la para longe numa cavalgada desenfreada, onde colocaria todos os demônios da tristeza para fora, correria para Mia e depois iria embora, continuar sua vida e encontrar o homem que a faria feliz como AJ sugerira.
AJ, AJ, AJ! Teria que parar de pensar naquele homem! Teria que parar de amar aquele homem! Ah, por que gostar de alguém era tão complicado? Não seria tudo mais fácil se ao nascer nós tivéssemos um comando que dizia “você se apaixonará por esta pessoa” e a pessoa te amaria de volta, simples assim, sem complicações, sem altos e baixos, sem sofrimento... Nãaaao, tudo iria ser monótono demais!
Cecília foi direto para o ateliê de Mia, ao chegar lá percebeu que não conseguiria conversar com a amiga, o lugar estava realmente cheio.
Mia explicou-lhe que o famoso corpo de balé de Dallas iria fazer uma apresentação especial no sábado e a elite da cidade iria estar toda presente, vestindo roupas exclusivas da nova badalada estilista, que também, era uma Mclean. Um nome era quase tudo naquela sociedade.
Mia percebeu que Ciih não estava bem, mas infelizmente não pôde dar à amiga a atenção merecida, pediu que ela fosse para casa que mais tarde conversariam. Aquela tristeza, transformada em determinação, somente poderia ser obra de seu irmão. AJ pagaria caro se houvesse magoado Ciih novamente, pensou Mia, para concluir, depois, que a própria Ciih era quem procurava aquele sofrimento.
Cecília queria embora o mais rápido possível, mas não deixaria Mia daquela forma e também não fugiria como AJ fugira dela todo aquele tempo. Ela teria mais coragem e consideração do que ele, um dia, tivera para com ela. Foi para o apartamento esperar a amiga e no sábado iria embora, ou quem sabe no domingo, somente, não precisava voltar tão cedo. Estava de férias na faculdade, isso se voltasse. Aprendia mais no dia a dia do haras do que nos dois anos que ficara enfiada em salas de aula, mas seu pai jamais concordaria com isso. Bem, agora não era hora para pensar nisso também.
AJ mergulhou no trabalho, certo que isso iria ajudá-lo a manter a sanidade, mas por várias vezes se viu pensando no ocorrido e sua mente se enchia de “ses”.
Estava envolvido novamente em um desses devaneios, quando Janice anunciou que Linda estava ali, AJ pediu que a conduzisse direto ao seu escritório, pensando no que estava acontecendo com as pessoas, principalmente as mulheres, para achar que seu local de trabalho era um lugar para encontros sem hora marcada.
Linda entrou apressada ao escritório, com os olhos marejados de lágrimas. AJ imaginou se ela já soubesse de alguma coisa, mas ela veio direto para ele e o abraçou com força, como se precisasse de consolo. AJ a abraçou e quando percebeu que ela estava mais calma, perguntou:
- O que foi Linda? O que aconteceu?
- Minha melhor amiga me ligou de Londres e disse-me que a mãe dela acabou de falecer... Ela... Disse que estava tudo bem e que de repente a mãe sentiu-se mal e foi levada as pressas para o hospital e... que não tiveram tempo de salvá-la... Ah, AJ ela era como uma mãe para mim também... – Linda estava visivelmente abalada, AJ deixou-a chorar e desabafar – nós vivíamos juntas eu e Mary. A mãe dela me tratava com tanto carinho, o carinho que faltava em minha casa, eu tinha lá.
Ela voltou a soluçar e AJ a sentou no sofá e pediu a Janice que trouxesse um copo com água. Depois de beber a água, ela lhe pareceu mais calma e por fim disse:
- Mary disse que precisa de mim, eu tenho que ir para Londres.
- Tudo bem, Linda, eu fretarei um avião, chegaremos mais rápido assim.
- Não AJ, eu preciso ir sozinha. Preciso viver isso somente com minha amiga, não quero que você vá. – Linda sabia que não era seguro deixar AJ sozinho agora, afinal àquela vaqueira linda estava solta no pasto, num pasto muito próximo de AJ, mas não queria um homem atrapalhando, queria colocar para fora todo aquela dor, sem que homem nenhum presenciasse.
- Mas Linda, você não pode viajar sozinha nesse estado. Eu vou com você.
“Assim eu me afasto daqui, me afasto da tentação que é Cecília” – pensou AJ.
- Não! Eu não quero AJ. Eu preciso viver isso sozinha com minha amiga, somente eu e ela... Tente entender, nosso relacionamento ainda é tão recente, não estou preparada para dividir isso com você.
“Deus, será que ele não entendia, ela não queria dividir a vida com ele, somente queria compartilhar sua fortuna, nada mais” – Linda tentava parecer serena, quando na verdade queria gritar com AJ, que ele não era bem vindo em sua intimidade.
- Mas, Linda, nós vamos nos casar. Não existe intimidade maior entre as pessoas do que dividirem a mesma casa. No momento do sim, não existirá mais eu ou você, sempre será nós. Ou não é assim que você pensa?
“Deus, não estou me reconhecendo, para que tudo isso? Somente para ficar longe de Cecília? E por que as mulheres são tão complicadas?”
Bastava somente viajar para outro lugar, não precisava falar que desejava dividir sua vida com Linda, ele não iria dividir nada com ela. Ele a teria como um bibelô, para ser mostrado quando precisasse e uma mãe para seus futuros filhos, só isso!
Só isso?!
Onde ele estava com a cabeça para entrar numa furada dessa? Não poderia seguir com aquilo! Mas agora não era hora de dizer essas coisas para a mulher que ele trouxera para aquela farsa, quando ela voltasse, ou depois de uns dias ele seguiria para Londres e colocaria um ponto final em todo aquele circo que ele armara.
Agora, pensando com mais clareza, era melhor mesmo que ela fosse sozinha. Os laços entre eles eram tênues, afinal eles tiveram somente um mês de relacionamento, mais do que qualquer outra que AJ tivera nos últimos cinco anos, mas mesmo assim, a verdade era que ela não passara de mais uma. Ele não sentira nada por ela, além de excitação pela presa e depois o vislumbre que poderia viver uma vida de casado sem amor e complicações.
AJ era um homem passional, sua vida amorosa, jamais seria completa se ele não vivesse uma grande paixão, um amor romântico, no sentindo completo da palavra. E ele sabia com quem ele poderia viver isso. Ele sabia há tanto tempo, quanto possível. Bem lá no fundo, ele soubera desde o dia que a vira pela primeira vez, quando ela tinha somente cinco dias de vida. Mas esse era um amor proibido, proibido pela família, pela sociedade e pela sua consciência.
Depois de ajustar seus pensamentos à realidade, ele pediu para Janice providenciar o vôo a Linda, assim como um carro que ficaria a disposição dela em Londres para a sua locomoção. E ela partiu para seu apartamento com Gómez para fazer as malas. Depois foi diretamente para o aeroporto. O relacionamento deles era tão vazio, que a despedida foi fria. Ela nem ao menos tinha idéia de uma data para seu retorno, disse somente que voltaria quando a amiga não precisasse mais dela, como se o noivado deles importasse nem um pouco. E ainda pediu a ele para que transmitisse mil perdões a sua mãe, mas precisaria adiar a festa de noivado, talvez ela não voltasse até a próxima semana.
AJ terminou seu dia no escritório e foi para casa. Dessa vez nada o fez querer parar no apartamento de Mia. Aquela página de sua vida estava virada, não voltaria para ela.
Cecília passou as horas que faltavam para Mia chegar, fazendo uma retrospectiva de toda sua vida. E não gostou do viu, bem não gostar do que viu era um pouco forte. Afinal tivera uma vida como à de uma princesa. Nunca, nada faltara a ela. Brinquedos, educação, diversão e muito amor dos pais e amigos. Fora coroada não somente por sua beleza, mas também por sua simpatia. Na faculdade tirava boas notas e começava a conquistar excelentes amizades, além de respeito.
Mas sua vida amorosa, desde a adolescência, era um zero a esquerda. Mia tinha razão, não se abrira para os rapazes que se aproximavam, sempre sonhando com o momento, que seria boa ou velha o bastante, para AJ. Depois, então, do dia de seu aniversário, não conseguia imaginar outro homem a tocando como ele fizera. No entanto, com a pressão das amigas na faculdade acabara ficando com dois rapazes. Os dois eram lindos, com carreiras brilhantes pela frente, mas Cecília não conseguia deixar de compará-los a AJ. E os romances acabaram antes mesmo de terem começado. E aonde isso a levara? A lugar algum.
Hoje AJ mostrou-se um homem que ela não conhecia mais, iria se casar e a pior das sentenças deixara bem claro que ela, mesmo se ele não estivesse comprometido, não era uma opção.
Mia, por fim, chegou mais tarde que o esperado e estava cansadíssima. Mesmo assim, sentou-se e ouviu tudo que Cecília tinha para contar sobre o dia. Mais uma vez, Cecília teve que segurar Mia e implorar para que ela deixasse AJ em paz, pois de acordo com a própria Mia, ela queria ver sangue. Mas Cecília lembrou-a que a culpa, mais uma vez, era da menina sonhadora que morava dentro dela, mas que de agora em diante aquilo havia acabado. Fez um juramento que não correria mais atrás de AJ, que iria deixá-lo em paz e que o esqueceria no mais breve espaço de tempo possível.
Foram dormir tarde da noite e Mia pedira para a amiga ficar pelo menos até domingo, pois não tiveram muito tempo juntas e por causa do espetáculo de balé ela teria que trabalhar o sábado todo. À noite as duas poderiam ir assistir ao espetáculo. Cecília concordou e deixou que a amiga fosse descansar. Apesar de achar que não conseguiria dormir, seu corpo estava tão exausto, pelas emoções vividas, que dormiu rapidamente.
Acordou no outro dia, novamente sozinha, achou um bilhete de Mia, dizendo que já havia saído que a Sra. Bishop havia deixado o café da manhã pronto. No bilhete Mia sugeria que ela fosse tomar um banho de piscina na cobertura de AJ. Prontamente Ciih pegou o telefone e ligou para Mia. A amiga devia estar louca se ela iria se arriscar a encontrar AJ ou Linda, nessa tal piscina. A própria Mia atendeu:
- Mia, Mia é você?
- Oi, Ciih, tudo bem?
- Tudo bem, mas que história é essa de me sugerir a tomar um banho de piscina na cobertura de AJ?
- Ah, Ciih, que susto! Achei que houvesse acontecido mais alguma coisa com você... Não é uma sugestão absurda, afinal AJ nunca tem tempo para ir lá, o lugar está sempre vazio e acredito que você também não encontrará Linda. Desde que chegou a mulher não sai do Spa do condomínio ou dos shoppings da cidade – Apesar de gostar de Linda, Mia sabia que ela era um pouco fútil – o código para a liberação do elevador para a piscina está escrito no bilhete. Um beijo querida, estou ocupadíssima, tchau...
E Mia simplesmente desligou.
Cecília foi para o quarto e trocou seu pijama, por um shorts jeans e uma regata rosa, colocou um chinelo de dedos e se dirigiu-se ao elevador.
Não adiantava ficar se remoendo, iria dar um mergulho e se distrair o máximo possível! Precisava afastar aquela tristeza que queria dominá-la, ela não era assim, era uma pessoa alegre, cheia de vida, cheia de expectativas e não deixaria AJ tirar isso também. Digitou o código no painel de segurança, rindo da situação, tudo ali tinha código.
Quando as portas do elevador se abriram e ela entrou no pátio da piscina, seu queixo caiu. Nossa! Aquilo era lindo! Ela parecia ter entrado numa cena de um conto de fadas, ou algo parecido.
A primeira coisa que veio em sua mente depois do deslumbramento foi:
Quantas mulheres AJ haveria de ter levado aquele lugar encantado?
Com quantas ele transou dentro daquela piscina?
Será que já teria feito amor ali, com Linda?
O ciúme tomou conta de todos os seus poros. Balançou a cabeça, mandando as garras daquele sentimento embora. Não importava mais o que AJ fizera ou não entre aquelas paredes, não importava mais, ela tinha que tirar AJ de sua mente, tirá-lo de sua alma e coração.
Andou devagar, observando cada detalhe. Realmente estava num lugar encantado a qualquer momento iria ouvir os risos das ninfas e o som da flauta de Sátiro.
Entrou no vestiário, que mais parecia um banheiro de luxo de um hotel cinco, não cinco estrelas não, sete, oito talvez. Ele era todo de azulejos brancos decorados com cenas de banhos, com mulheres delicadas e etéreas, despejando água com seus cântaros, em banheiras de mármore com pés de ouro.
Havia plantas e flores espalhadas, imbuídas a deixar o ambiente mais agradável e aprazível aos olhos e ao olfato. O teto era branco em arco com um lustre de cristal, espalhando pelas paredes, reflexos coloridos. Havia algumas poltronas e duas espreguiçadeiras; até ali as pessoas eram convidadas a relaxarem. Um armário antigo cheio de rococós que combinava perfeitamente com o restante da decoração estava disposto em uma das paredes. Havia duas pias de mármore branco, lindamente decoradas e suas torneiras eram douradas. Tudo combinava com perfeição e CiiH gostou de imaginar que talvez AJ houvesse participado da escolha da decoração pessoalmente. Apesar de a vida inteira Cecília ter vivido no luxo, não conseguia esconder a admiração pela bela arquitetura e decoração.
No armário encontrou vários biquínis de Mia, nenhum realmente servia. Mia era um pouco mais baixa que ela e mais delicada também. Cecília tinha seios e nádegas maiores, mas tudo bem, nunca havia sido púdica e se encontrasse alguém, talvez Linda, bem, ela iria saber o que era uma mulher com curvas. Ah, mas ela não queria encontrar mais ninguém, queria estar só, para desfrutar daquele paraíso e esquecer... Esquecer...
Ao terminar de amarrar o biquíni, ela ouviu primeiro a música que invadiu o banheiro e depois o som de alguém mergulhando na água.
Só poderia ser Linda. Na verdade Cecília não queria um confronto com a mulher. Ela era uma batalhadora sim, ela amava AJ sim, mas não estava acostumada a magoar as pessoas. As únicas pessoas que fazia questão de enfrentar e sempre comprara uma boa briga, era com gente que se sentia superior por causa do dinheiro ou status, ou porque se achavam mais bonitas do que os outros. Cecília encontrara muita gente assim no seu meio e era justamente essas que ela fazia questão de humilhar. E Linda não parecia se encaixar nesses perfis.
Saiu do vestiário e não acreditou no que seus olhos viram...
1 comentários:
Putz... a temperatura nunca baixa, OMG... ele não vai resistir, ele não pode resistir dessa vez!!! Ela tem que esnobar ele, isso é FATO, mas ele vai ter q pedir de joelhos por ela! Lindooooooooo...
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