terça-feira, 13 de abril de 2010

FIC Meu Primeiro e Único Amor CAP 5

Cecília e Mia haviam conversado sobre tudo e sobre todos até altas horas da manhã.

Cecília não se conformava que AJ havia escolhido como esposa uma mulher que mais parecia a Olívia Palito, mal comia, falava com aquele sotaque afetado, que não entendia nada sobre cavalos, ou sobre uma fazenda e que nitidamente não estava apaixonada por ele e o pior, ele também não estava apaixonado.

Mia tentara a todo custo fazer Cecília mudar de assunto, falar dos cavalos, dos amigos da faculdade, dos pais, tentou convencê-la que ela não enxergara a paixão entre seu irmão e Linda, porque ela estava envolvida demais, mas que lá existia amor sim, mas nada adiantara, ela parecia mais uma mula velha empacada, ou um disco riscado. Repreendera-a quando Cecília contou sobre o carinho que fizera em AJ por debaixo da mesa no restaurante, achando a atitude dela era de uma mulher baixa, afinal ela estava de frente à noiva do irmão. Cecília então usou um velho jargão: No amor e na guerra vale tudo. O que mais ela poderia falar para a amiga louca?

Mia acordou cedo precisava ir para o ateliê, além de tê-lo abandonado no dia anterior, sexta-feira era um dia muito bom, aonde as esposas e filhas dos ricaços de Dallas, algumas amigas de sua família há séculos, iam até o ateliê para gastar os preciosos dólares dos maridos. E esse final de semana haveria o espetáculo principal do corpo de baile do teatro, onde todos os vip’s de Dallas estariam em peso.

Antes de sair pensou em passar no apartamento de AJ e perguntar-lhe se estava tudo bem e também para filar o café da manhã como fazia sempre, mas lembrou-se que ele não estaria sozinho, além de não poderem conversar abertamente sobre se a visita de Cecília o havia afetado ou não, não estava muito a fim de ser simpática com Linda hoje. Depois de ter escutado toda a ladainha de Cecília, ficara com uma pulga atrás da orelha sobre o relacionamento do irmão. E se Cecília tivesse razão? Se eles não tivessem realmente apaixonados um pelo outro, que tipo de casamento AJ planejava ter? Um por conveniência? Não, não poderia deixá-lo cometer tal erro. Acima de tudo, Mia era uma romântica.

Deixou um bilhete para Cecília que ainda dormia e foi para o trabalho mais uma vez com Gómez que já a esperava eficientemente na garagem do edifício.

AJ acordou com uma dor de cabeça horrível e lembrava-se, infelizmente, de tudo que ocorrera durante a noite, apesar de ter agido como um autônomo.

Agora ele tinha que abrir os olhos e encarar Linda como se tudo estivesse normal, como se seus planos fossem perfeitos e esquecer que Cecília estava no apartamento abaixo.

Ao abrir os olhos, sentiu uma pontada forte nos olhos.

Deus, como dói, acho que minha cabeça vai explodir, pensou AJ.

Quando conseguiu manter os olhos abertos e mirar ao redor, notou que pelo menos Linda não estava à vista, também não ouviu nenhum ruído vindo do banheiro.

Queria tanto que ela houvesse saído ido para qualquer lugar, fazer compras, ao cabeleireiro, de volta a Londres, só para não precisar olhá-la e sentir-se culpado. Ele tinha que parar de fazer “coisas” que o deixavam com essa sensação de culpa depois, precisava pensar antes de agir.

Entrou no espaçoso banheiro todo em mármore branco e negro e foi direto para a ducha, ligou totalmente na fria e deixou que água escorresse sobre seu corpo, tendo calafrios por causa da temperatura da água em contraste com a sua temperatura corporal. Aqueceu a água aos poucos e terminou de tomar seu banho. Ainda nu, foi até a pia e olhou-se no espelho.

Ah, ele estava com uma aparência horrível!

Fez a barba com calma, pegou o roupão felpudo negro, vesti-o saindo do banheiro, quando olhou à hora no relógio de cabeceira não acreditou, já passava das nove horas da manhã. Ele nunca se atrasara tanto para o trabalho, o que estava acontecendo com ele? Também nunca havia bebido tanto dessa forma, ainda mais numa quinta-feira.

Olhou a cama toda desarrumada e sentiu-se enjoado. Como pudera? E lembrou-se de algo que o deixou mais aturdido, Deus, ele não usara preservativo àquela noite com Linda. Onde ele estava com a cabeça? Já não sabia mais se queria começar uma família com Linda, bem, pelo menos não por agora, precisava planejar tudo primeiro...

Ah, não, não!

Ele lembrou-se de outra coisa ainda pior, ele tinha certeza que em sua mais recente insanidade, ele chamara Linda de Cecília... Inúmeras vezes...

O que adiantava o cara se embriagar e lembrar-se de tudo no dia seguinte?

E agora o que ele faria, onde ela estaria? O que ele diria? O que ela diria?

Eram perguntas demais para uma mente que não se encontrava cem por cento. Ele devia lembrar-se como era horrível ficar de ressaca.

Entrou no imenso closet, organizado com capricho e eficiência pela Sra. Bishop e as ajudantes que ela usava para limpeza e arrumação do apartamento. Escolheu entre tantos ternos caros e elegantes, um cinza risca de giz, uma camisa bordô e uma gravata de seda com listras transversais cinza e bordô. Completou a vestimenta com meias pretas, cinto e sapatos pretos. Verificou sua aparência no imenso espelho do closet e constatou que sua aparência não condizia com seu espírito. Ele estava como sempre elegante e passando eficiência, quando na verdade se sentia um farrapo humano e com a mente tumultuada e dispersa.

Encaminhou-se diretamente para a copa, gostaria muito de tomar um café e aspirinas, antes de se encontrar com Linda, mas talvez seu desejo não fosse atendido afinal, ela deveria estar lá.

Entrou já respirando fundo e a encontrou sentada à mesa, com uma xícara de algo fumegando em uma das mãos. Ela usava um neglige de seda branco, sobre uma camisola da mesma cor, sua atenção estava voltada ao jornal que lia atentamente. A mesa estava posta com um café da manhã completo. Invés de se sentir satisfeito, aquilo o enjoou ainda mais, a bebedeira estava cobrando seus efeitos, sem contar à conversa que teria que ter com Linda.

- Bom dia, Linda.

Ela levantou os olhos do jornal e disse com um sorriso:

- Bom dia, querido. Dormiu bem? Você não me parece bem.

Ele aproximou-se cauteloso e sentou-se ao seu lado:

- Somente estou com um pouco de dor de cabeça...

- Vou pedir que a Sra. Bishop lhe traga aspirinas, só um segundo.

Antes que ela se levantasse, AJ segurou seu braço e impediu que saísse da mesa:

- Linda, só um instante, precisamos conversar...

AJ estava achando estranha a reação dela, afinal, ela estava agindo como se nada tivesse acontecido e lembrava-se com clareza de tê-la chamado de Cecília durante o sexo e nenhuma mulher poderia ser tão condescendente a ponto de ficar tão tranqüila assim no outro dia... E se ele tivesse sonhado aquilo? Afinal se ele houvesse mesmo a chamado pelo o nome de outra mulher, ela teria parado o ato no mesmo instante, mas isso não só não ocorreu, como estava ela ali, calma, preocupada com o bem estar dele.

Ela voltou a sentar-se e esperou impassível que ele lhe dissesse alguma coisa. Ela sabia o que ele iria lhe falar. Durante o interlúdio noturno ele a chamara de Cecília o tempo todo. Mas mais uma vez, como tantas outras, ela fingiu que estava adorando, assim também como fingiu que não ouvira a pior coisa que pode acontecer com uma mulher enquanto ela está fazendo amor, principalmente com seu futuro marido, ser confundida com outra. Mas ela percebera que ele estava bêbado, não estava em condições em pensar em se proteger e hoje ela poderia já estar esperando um filho dele. Um filho que garantiria seu casamento, ou se não houvesse casamento, afinal ela vira o abraço, depois os olhares, o deslumbramento mútuo entre Cecília e AJ. Ela tinha certeza que AJ assumiria o filho e ela teria uma pensão substancial para viver o resto de sua vida da forma que mais gostava. Gastando dinheiro em coisas caras, finas, elegantes e supérfluas. E então, ela resolveu fingir que ele não dissera nada, assim talvez o confundisse e ele acharia que na verdade sonhara que a chamara de Cecília. Então ele falou:

- Ontem, eu...

- Ah, querido, mesmo você tendo tomado um pouco mais de vinho, você foi magnífico como sempre.

Ela levantou-se e deu um leve beijo nos lábios de AJ.

- Se era só isso, vou buscar suas aspirinas.

AJ deixou que ela fosse se perguntando se teria realmente sonhado que havia chamado Linda de Cecília. Bem, só poderia ter sido sonho, Linda estava radiante esta manhã e AJ achou que ela estaria já fazendo as malas, mas tudo parecia bem.

Ela voltou com as aspirinas e colocou um pouco de suco num copo e deu a AJ com um sorriso. E mais uma vez ele pensou que realmente estivera sonhando com Cecília mais uma vez.

Eles sentaram e comeram em silêncio.

AJ pensando no dia que teria no escritório e Linda fazendo seus planos sobre o casamento ou quanto cobraria de pensão.

Ao terminar o café, AJ perguntou a Linda:

- Você tem algum compromisso para hoje?

- Marquei um dia no Spa do condomínio, por que você estava pensando em alguma coisa, eu posso desmarcar?

- Não, somente gostaria de saber seus planos. Vou passar o dia todo no escritório, talvez hoje eu chegue tarde, tudo bem?

- Tudo bem, querido, tenha um bom dia.

- Obrigada, Linda, você também.

Ah, eu terei, pensou ela, já comecei a gastar o seu dinheiro e não o meu, meu bem.

E AJ se dirigiu ao subsolo para pegar sua pick-up e começar seu dia de trabalho, que por sorte seria melhor que o anterior, sem lembranças ou interrupções e as preocupações e devaneios que vinham junto com as memórias.

Cecília espantou-se quando ela acordou e não encontrou Mia, normalmente era ela que acordava cedo e despertava a amiga.

Encontrou um bilhete, dizendo que Mia estava no trabalho e que ligasse para ela ao acordar para combinarem o almoço.

Cecília pegou uma maçã da cesta de frutas da cozinha e telefonou para a amiga:

- Maison Mclean, bom dia!

- Bom dia, Marcy. É Cecília, posso falar com Mia?

- Bom dia, Cecília. Somente um instante, passarei a ligação a ela.

Cecília deu mais uma mordida e esperou somente alguns segundos até ouvir a voz de sua amiga:

- Bom dia, dorminhoca! Quem diria que eu acordaria antes que você, hein, Ciih?

- Rá, rá, tão engraçadinha! Você trabalhará o dia inteiro hoje, Mia?

- Infelizmente, Ciih, não poderei ausentar-me do ateliê. Hoje é um dia movimentado e as clientes fazem questão de serem atendidas por mim. Mas imaginei que você possa vir para cá e então almoçaremos juntas. O que você acha?

- Não era bem isso que estava planejando para hoje, Mia, eu estava pensando, bem, melhor eu contar depois que der certo..., somente gostaria de sua ajuda para fazer alguns ajustes em meus planos...

- Ah, lá vem.

Cecília assoprou e disse para amiga:

- Mia, eu vim aqui para tentar conquistar AJ. Isso não é segredo para você e acho que para ninguém. Gostaria que você me ajudasse, isso é possível ou não?

- Ah, tudo bem, o que você quer que eu faça, por favor, nada que eu tenha que mentir descaradamente a AJ ou Linda, porque eu não vou fazer isso.

- Não, nada disso, só gostaria de saber se eles vão almoçar juntos. Se não, onde AJ almoçará?

- Bem, isso é fácil, vou ligar para ele e já te ligo.

- Tá bem.

Cecília desligou ansiosa esperando o retorno de Mia.

Mia ligou para AJ no escritório. E Janice atendeu informando-a que ele ainda não havia chegado, mas lhe passaria o recado, Mia agradeceu e desligou.

Ligou para o celular e ouviu a voz grave do irmão:

- Bom dia, irmãzinha.

- Bom dia, irmãozinho.

Sem se conter AJ perguntou:

- E sua hóspede como está?

- Minha hóspede está muito bem, como você deve saber afinal a conhece tanto quanto eu.

- Está de mau humor, Mia? – pensando que o mau humor deveria ser dele, afinal acordara com uma baita ressaca. E não parava de pensar na hóspede de sua irmã, quando na verdade deveria estar pensando na mulher maravilhosa que ele havia pedido em casamento.

- Não, estou bem – ela não gostava desse joguinho que estava fazendo, amava sua amiga, mas também amava seu irmão e não se sentia bem o espionando – você vai almoçar com Linda hoje?

- Não, não vou, mas se isso é um convite, vou ter de declinar. Estou atolado de trabalho e não poderei sair do escritório hoje.

Muito menos, caso você planeje outro almoço que terei que ficar ao lado de Cecília, pensou AJ. Manter distância daquela mulher seria mais que racional, faria ele feliz, a mãe dela feliz e até mesmo seu pai feliz.

Com a resposta de AJ ela teve uma desculpa para a pergunta:

- Ah, que pena, pensei que poderia arrastá-lo para um almoço, somente nós dois como fazíamos antes.

- Está com ciúmes de Linda, Mia? – AJ estava achando aquela conversa toda muito estranha e a última vez que teve este pressentimento em relação à Mia, a melhor amiga dela estava vindo para Dallas, o que foi no dia anterior. E por conseqüência ele estava vivendo quase que num mundo paralelo ao seu, onde não conseguia se concentrar no trabalho tivera que se embebedar para poder transar com uma mulher desejável e só pensava numa outra morena, linda, sexy, na mulher que Cecília se transformara.

- Não, claro que não... – Mia não sabia mais o que dizer, tinha medo de acabar entregando Cecília, apesar de não saber realmente dos planos da amiga. – tudo bem, então, irmãozinho, bom dia para você.

- Um bom dia para você também, Mia.

AJ não deixou de pensar que tinha muito mais por trás daquele telefonema de Mia, mas voltou a se concentrar no trânsito que estava uma loucura aquela manhã.

Mia ligou para Cecília e lhe informou que AJ não sairia para almoçar e que ele não veria Linda.

Cecília então começou a se preparar. Primeiro tomou um longo banho de banheira e usou seus próprios sais de banho que trouxera na bagagem.

Depois tentou escolher entre as roupas que havia trazido, mas nada a agradou. Ligou novamente para Mia e perguntou se a amiga tinha alguma coisa leve para ela vestir, pois as roupas que trouxera se resumiam em jeans e blusinhas. Mia era um pouco mais baixa que Cecília e ela tinha um pouco mais de busto e quadril que Mia, então a amiga sugeriu que Ciih procurasse alguma coisa no quarto de criação que ela tinha em casa.

Cecília entrou no quarto e ficou de boca aberta. Tudo era muito bem organizado, havia metros e metros de tecidos arrumados numa prateleira, máquinas de costura e de corte em uma mesa ampla. Assim como araras com modelos lindos que Mia criava.

Passou a mão pelos vestidos, terninhos, saias e blusas, que deixaram Cecília orgulhosa da amiga e seu lado feminino para compras veio a tona. Queria experimentar tudo, mas olhou no relógio e percebeu que não tinha muito tempo. Experimentou algumas peças e por fim escolheu um vestido de jeans macio, frente única com um decote em v, que ressaltava seus seios mesmo sem precisar usar sutiã, ele afunilava na cintura, o que a realçava e depois saía em uma saia ampla que a fazia se sentir elegante, como as mulheres dos anos 50. E a saia, por sua vez se encaixava perfeitamente em seus planos, pois não precisaria usar lingerie. Escolheu um par de sapatos pretos de salto que combinavam perfeitamente com o modelo. Penteou os cabelos para que os cachos ficassem mais acentuados o que lhe deixava menos menina e mais mulher.

Ligou para a portaria do prédio e pediu um táxi.

Na despensa de Mia, pegou a cesta de piquenique, que Mia lhe mostrara na noite anterior e lhe contara uma história divertida sobre um piquenique romântico com um pretendente que depois se mostrara um chato e colocou dentro uma garrafa de vinho branco, duas taças de cristal, torradas, dois tipos de patê, um pote de caviar, morangos limpos e uma lata de chantilly, além de saca-rolhas, pratos, talheres e guardanapos.

Desceu pelo elevador e entrou no táxi que já estava a sua espera, fazendo uma prece.

Ela chegou ao edifício Mclean exatamente a meio-dia e dez. Estava nervosa, mas nada a demoveria de fazer o que tinha planejado, tinha que pelo menos tentar, não é mesmo?

Entrou na elegante recepção e pegou o elevador para o último andar. Quando chegou ao andar, tentou passar despercebida por uma recepcionista atrás de um balcão alto, com um fone de ouvido na orelha que atendia as ligações.

- Bom dia, senhorita. Posso ajudá-la?

- Oh, não. Obrigada. O Sr. Mclean está me esperando, eu sei o caminho.

- Senhorita, senhorita – chamou a moça, mas Cecília já se dirigia a sala de AJ apressada.

Quando Cecília chegou à porta que antecedia a sala dele, essa se abriu e Janice a recebeu com um sorriso:

- Então, é a senhorita? Vou pedir para Bárbara dispensar os seguranças. A senhorita deveria ter se identificado na recepção, Srta. Medeiros deixou Bárbara em polvorosa.

- Desculpe Sra...

- Janice, querida, todos me chamam assim.

- Janice, eu queria fazer uma surpresa para AJ e...

- Entendo – disse Janice abrindo a porta para Cecília entrar, olhando-a de cima em baixo e fixando o olhar na cesta de piquenique – mas ele ainda não sabe que a senhorita está aqui, quando algo assim acontece, o Sr. Mclean não precisa ser incomodado. Faça o seguinte, criança, entre e boa sorte, pois ele hoje não está em seu melhor humor.

Cecília parou por um instante na imponente porta e respirou fundo. Abriu a porta e entrou devagar, AJ estava sentado atrás de sua imensa e bela mesa, compenetrado olhando para a tela de seu computador.

Por que ele tinha que ser tão lindo? Por que tinha que parecer um modelo saído das páginas de uma revista masculina de moda? Sem levantar os olhos, falou:

- Janice, já pedi para não ser incomodado, o que é...

A frase morreu quando ele levantou os olhos e deu de cara com Cecília com o sorriso mais meigo e lindo que ele jamais vira em toda sua vida.

Deus, ela era puro sex appeal! Os seios parcialmente a mostra no decote, aquela cintura fina... Mesmo a saia ampla parecia não conseguir esconder o que ali estava às belas e fortes pernas. Estava magnífica e a reação involuntária de certa parte de sua anatomia, confirmava seus maiores temores, se ele não ficasse longe de Cecília, ele não conseguiria ficar longe de Cecília. E sua reação, foi imediata:

- Cecília, o que você está fazendo aqui? – sua voz soou rude, mas ele realmente estava nervoso, ela não tinha que aparecer assim. Já não bastara ter tido que se controlar no dia anterior, que fora até fácil, afinal não estava sozinho, sua noiva e sua irmã os acompanhavam. Mas agora, o que seria dele, diante daquela visão estonteante, sexy?

E AJ começou a pensar sem parar em seu pai, na mãe de Cecília, como ele havia sido o mais baixo dos homens quando a agarrara quando ela tinha apenas quinze anos e que ele sempre a considerara uma irmãzinha... Até o dia que a teve nos braços e experimentou seus beijos...

Eu preciso me controlar! Eu preciso lembrar que sou um homem mais velho agora, mais experiente, controlo uma empresa que vale milhões, já domei cavalos indóceis, estou noivo e não será uma menina de vinte anos que abalara minhas convicções.

Cecília ignorou o tom rude e viu claramente que sua presença o estava abalando. Isso era bom, não era? E ela disse, com voz suave:

- Trouxe o almoço. Bem, não é um almoço somente um lanchinho.

De forma sedutora, ela sentou-se na cadeira a frente de AJ. E retirou o conteúdo da cesta, depositando tudo sobre a mesa.

Ele estava atônito.

- AJ, desculpe-me vir assim, sem avisar – Ciih achou que era melhor começar a falar, afinal o silêncio de AJ a estava deixando desconfortável, pensando que talvez a idéia não fora tão brilhante como ela imaginara – mas eu gostaria de lhe fazer uma surpresa. Faz tanto tempo que não nos vemos e conversamos. Queria um tempo somente para nós, como antes.

Com essa frase, AJ saiu do estupor. Agora entendia o telefonema de Mia, ela estava ajudando Cecília, a saber, se ele sairia ou não do escritório.

Ah, Mia você não tem idéia do que está fazendo. – pensou AJ.

Quando ele pôs os olhos na lata de chantilly, teve que engolir para não babar. Imaginou Cecília deitada nua, sobre a mesa e coberta do creme adocicado, enquanto ele o lambia do corpo dela. Balançou a cabeça para afastar a cena erótica.

Ele não entraria no jogo de sedução de Cecília e era isso que ela viera fazer ali. Já fora avisado pela própria mãe dela e por seu pai. Sabia o quanto Cecília era obstinada, se ela realmente achava que estava apaixonada por ele, ela não desistiria tão fácil. Sentia-se até mesmo lisonjeado com esse suposto amor, mas não poderia sucumbir. O que ele sentia não era mais que puro desejo, que quando saciado, ela seria somente mais uma. Tinha que ficar repetindo isso para si mesmo, talvez ele começasse a acreditar!

Iria começar a cortar o mal pela raiz. Faria Cecília sair dali, sem vontade de vê-lo de novo:

- Ciih, me desculpe, mas você me pegou num momento difícil. Eu não tenho tempo para nada hoje, muito menos comer ou conversar com você. Desculpe-me, mesmo. Vou pedir para Janice pedir para Gómez levava para casa.

Ele já tirara o telefone do gancho para falar com Janice, quando Ciih levantou-se e segurou a mão dele. Ele puxou a mão como se tivesse levado um choque, o que parecia ter acontecido, pois uma corrente elétrica cruzou todo seu corpo com o pequeno gesto.

- Eu sei o que você está fazendo. Mais uma vez, está usando desculpas para se livrar de mim. Dessa vez, já que estou aqui cara a cara com você, eu não vou sair. Nós vamos conversar e comer como pessoas civilizadas e adultas. Você já percebeu que agora sou uma mulher adulta, não é? Você não precisa mais fugir de mim.

Enquanto falava Cecília se levantou, foi se aproximando de AJ e passava os dedos na borda da mesa, como uma carícia íntima.

AJ estava ficando de boca seca, enquanto seu estômago se contraía.

Ao chegar frente a frente com AJ, Cecília num ato de pura ousadia, pois nunca havia feito nada parecido em sua vida, levantou a saia devagar sensualmente e sentou-se no colo de AJ, com uma perna de cada lado do corpo musculoso. E quando se posicionou corretamente, sentiu com prazer que seu gesto fora bem sucedido. A excitação de AJ pressionou sua pele nua como uma barra de puro aço.

Ele agarrou com firmeza os braços de sua cadeira e cerrou os dentes, para que um gemido de puro deleite não escapasse de seus lábios. Os seios generosos de Cecília estavam diretamente direcionados sobre sua boca. Aquelas pernas que ele sempre admirara por sua força e capacidade de domar animais, estavam agora, pressionando suas coxas. O perfume envolvendo-o como um afrodisíaco potente.

Minha Nossa Senhora Jesus e José, ele era um homem potente, um amante do bom sexo. Como ele resistiria àquela mulher? Ainda mais quando essa mulher estava ligada à maioria de suas fantasias sexuais dos últimos anos?

Cecília jamais imaginou que um dia em sua vida se sentiria tão excitada como agora. Todos os seus contatos com o sexo masculino, depois daquele dia fatídico com AJ, eram mornos, apesar de não deixar nenhum homem realmente tocá-la, quando ela os beijava, não sentia nada, mas com AJ sentir seu membro contra sua parte mais íntima, a estava deixando fora de si. E sem pensar começou a se mover lentamente, como se montasse no mais garboso garanhão. E ela ousaria mais:

- Ah, você sente como ele me quer? – pegou as mãos dele e levou-as para suas coxas suavemente, abaixando a cabeça simultaneamente beijando AJ primeiro somente com os lábios e depois abrindo a boca dele com sua língua, quando sentiu que AJ apertava suas coxas e correspondia ao beijo, ela afastou somente um milímetro sua boca e disse:

- Eu amo sua boca, amo seus beijos... Ah que saudades de seus beijos, saudades de suas mãos em mim.

AJ o homem experiente que já havia tido incontáveis relações, com os mais variados tipos de mulheres, estava completamente entregue aos comandos sutis de uma menina virgem de vinte anos. Ele realmente parecia não ter vontade própria, estava seguindo placidamente às orientações de Cecília. Quando ela levou suas mãos mais para cima e ele notou que ela não usava calcinha, algo dentro dele acordou. Usando de toda sua força de vontade e também sua força bruta, ele se levantou da cadeira tirando Cecília de seu colo. Automaticamente ele lhe deu as costas, empurrando a cadeira com o pé, com toda a sua frustração.

Cecília ainda excitada por um momento não teve reação, depois puxou AJ pelo braço para que ele se virasse e a olhasse:

- Vai ser sempre assim? Você vai negar até a morte o que sentimos um pelo outro? É isso?

AJ permaneceu calado somente a olhando:

- Será que não dá para você perceber que eu cresci, não sou mais a adolescente que você acha que usou. Eu sou uma mulher agora e estou aqui para você, por você. E eu sei que você me quer também, eu senti – e colocando a mão sobre a calça de AJ, ela apertou seu membro excitado e continuou com um sussurro – eu sinto.

AJ não se mexeu, somente olhou para Cecília e percebeu que teria que ser cruel, para que essa menina entendesse o que ele era e o que sentia por ela:

- Jamais imaginei que com a idade você ficaria vulgar, Ciih! – depois dessa sentença, ele deu um passo atrás, para afastar a mão dela – o que você sabe sobre mim agora, hein? Nada! Há quanto tempo você não me vê? Há mais de três anos, eu mudei, não para melhor. E se eu pude agarrar uma menina inocente de quinze anos e fazer o que fiz, que tipo de homem você acha que me tornei?

Cecília não queria acreditar em seus ouvidos, AJ não poderia estar sendo cruel com ela. Ele jamais fora cruel com ninguém, ela sabia disso, ele não poderia ter mudado tanto. Ou poderia? Não, não. Ela sabia por que ele estava fazendo aquilo. Era somente mais uma artimanha para mantê-la afastada. Mas os olhos estavam, também, tão frios...

E ele continuou:

- Você já olhou para você, nos últimos tempos? Eu não seria homem se eu não a desejasse. Eu não seria eu, se não a quisesse! Mas infelizmente, para mim e para você, eu não posso colocá-la na minha lista de conquistas - falou sarcástico - isso estragaria a amizade de nossas famílias e isso para mim está em primeiro lugar. E eu ainda a considero da família. Agora Cecília se você não tiver mais nada o que fazer aqui, eu quero que você saia e espere o motorista na sala de Janice. Eu tenho mais o que fazer, do que entretê-la com uma sessão de “se-eu-quiser-eu-consigo-conquistá-lo”. Não quero ser uma de suas experiências. Tenha um bom dia!

Ela não conseguia falar, seus olhos estavam marejados. Aquele não era seu AJ! Aquele homem atroz não era o homem pelo qual era apaixonada sua vida toda. Tinha algo muito errado naquilo tudo. E ela iria descobrir.

AJ sentou-se e fixou o olhar na tela do computador, fingindo que estava compenetrado novamente, mas ela tinha que sair rápido dali, pois ele sabia que não conseguiria fingir por muito tempo. Seu coração estava aos pedaços por ter que dizer aquelas palavras duras a ela, seu corpo inteiro tremia e se ela continuasse ali, ele acabaria abraçando-a e pedindo perdão de joelhos. Mas precisava tirar Cecília de sua vida, precisava esquecê-la, por ele e por todos que confiavam nele. Seus tios, seus familiares e a própria Cecília. Ela era ingênua, pura, uma montanha de ceticismo os separava.

Decidida a descobrir o que fora aquela reação absurda. E ela tinha certeza, mentirosa. Cecília não se moveu e perguntou:

- Você, então, não sente nada por mim, somente tesão?

A pergunta de Ciih pegou AJ desprevenido, ele achou que depois das palavras duras que ele usara para com ela, ela sairia correndo de seu escritório e deixaria sua libido em paz. Ou começasse a gritar com ele, como ele era desprezível e etc., mas ao contrário disso. Ela o olhava com o mesmo olhar intenso que ele lhe dirigira e suas palavras também não foram nem meigas ou leves.

- Até meus quinze anos, você foi o meu melhor amigo, AJ. Acho que pelo menos mereço uma resposta agora e uma resposta verdadeira.

Ele não podia fraquejar. Teria que manter o mesmo nível de conversa. Não poderia simplesmente voltar atrás no que havia dito:

- Sim, é só isso – sem que percebesse, ele titubeou apenas milésimos de segundos para falar a outra palavra, mas Cecília estava atenta – tesão!

- Você realmente acha que pode me enganar, não é? Por que então, AJ você fugiu de mim, todos estes anos? Por que você simplesmente não conseguia ficar no mesmo recinto que eu por mais do que alguns minutos? E o que são essas suas reações tão passionais, quando o assunto somos nós? – Cecília estava alterada, queria de uma vez por todas tirar tudo a limpo – por que no restaurante você não conseguiu ao menos receber um carinho meu? Se for sexo que você quer, por que você simplesmente não me toma? Eu estou aqui, me oferecendo para você e nem isso, de mim, você aceita? É culpa o que você sente? Culpa por não ter resistido a uma menina de quinze anos? E essa de se casar agora com uma mulher que você mal conhece, que em nada faz seu tipo? Eu sei o que é, é medo! Medo de expor o que você realmente sente por mim, medo de se entregar e não conseguir nunca mais resistir...

- Chega!

Toda aquela raiva de Cecília estava servindo de puro afrodisíaco para AJ. Ela o excitava isso ele já sabia, mas não como naquele momento, quando a raiva fazia seu rosto enrubescer, seus olhos flamejarem, transformando-os em um lago perigoso de um profundo azul. O “por que você não me toma”, ressoava em sua mente como um luminoso piscando no deserto lhe oferecendo água. Mais uma vez suas emoções sobrepujaram sua razão e ele se viu beijando-a alucinadamente, desesperadamente. Segurava com uma mão, os cabelos de Cecília firmemente para mantê-la com a cabeça levantada, entregue a ele. Sua outra mão a mantinha cativa pela cintura, deixando-a ciente de todo o poder que tinha sobre ele.

Virando-a de encontro à mesa, sentou-a de pernas abertas, trazendo-a para si, sem a menor delicadeza, colando seu membro intumescido em sua carne úmida. AJ gemeu e movimentava-se como se a estivesse amando. Cecília se mexia no mesmo ritmo, segurando-o próximo com suas pernas poderosas.

Ela estava louca de tanto desejo, gemia, mordia AJ. Enfiou suas mãos por baixo do blazer dele e o retirou-o, deixando cair ao chão. Suas mãos nervosas retiraram a camisa de AJ de dentro da calça. Quando essas mãos acharam à pele nua e firme daquelas costas largas, ela o arranhou e afagou. Seu corpo implorava para alcançar o pico que ela havia alcançado somente uma vez e com o homem que a prendia ali. Abaixou as mãos ao cinto de AJ e quando estava abrindo-o, eles ouviram a exclamação vinda da porta:

- Sr. Mclean?!

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