domingo, 11 de abril de 2010

FIC Meu Primeiro e Único Amor CAP 2

- Ciih! – a voz de Mia estava estridente, sinal de problemas, pensou Cecília – por que você demorou tanto para atender essa droga de celular...

- Bom dia, Mia!

- Bom dia, querida, desculpe, estou uma pilha de nervos, pensei que não conseguiria falar antes...

- Só um minuto, Mia – pediu Ciih abaixando o telefone quando Billy, um dos empregados se aproximava:

- Sim, Billy?

- A Sra. Medeiros, pediu-me para avisá-la que o Sr. e a Sra. Mclean estão aqui e que seus pais mandaram chamá-la.

- Obrigada, Billy.

- Até, senhorita.

Cecília viu o rapaz se afastar e colocou o telefone novamente na orelha, antes mesmo de conseguir falar algo, ouviu Mia assoprar e dizer:

- Eles já estão aí... Cecília antes de ir para casa, escute-me, por favor!

- Mia – a voz de Cecília tremia, o problema era bem mais sério do que ela imaginara, se os pais de AJ estavam ali – o que aconteceu a AJ? Ele está machucado, ele está...

- Não! Ciih, calma, respire, respire e sente-se... Deus, depois de todo este tempo você ainda o ama tanto assim?

- Mais a cada dia, Mia – conseguiu Cecília falar depois de respirar fundo algumas vezes e sentar-se na grama perto do curral.

- Ciih, isso é obsessão, não pode ser amor...

- Por favor, Mia, o que está acontecendo? E nós já conversamos sobre isso, eu amo seu irmão e pronto. Eu não sei explicar. Eu, às vezes, também não compreendo como isso ainda está dentro de mim, depois de tanto tempo, mas está aqui.

- Tudo bem. A verdade é que eu estava tentando facilitar as coisas para mim e não para você. Como sei que a notícia que lhe darei vai doer e doer muito doerá muito mais em mim...

- Mia! – gritou Ciih ao telefone, sem precisar dizer mais nada para mostrar para a amiga que ela já enrolara demais. E Mia disse de uma vez:

- AJ vai se casar, Ciih. Meus pais estão aí para contar a novidade aos seus pais e para que sua mãe ajude mamãe na festa de noivado que acontecerá daqui a duas semanas. Eles estavam aqui em Dallas ontem, a pedido de AJ para conhecê-la. A festa será somente uma formalidade imposta pela minha mãe, pois na verdade ele já a pediu em casamento e será o mais breve possível de acordo com AJ... Ciih? Ciih?!

Cecília parou de ouvir depois da primeira frase, achou que não tinha escutado muito bem, mas não, ela ouvira bem, AJ iria se casar. Por um momento ela pensou que jamais iria respirar novamente, ouviu Mia chamando:

- Ciih, fale comigo, Ciih...

- Estou aqui, Mia – Deus, como ela conseguia falar!

- Desculpe-me, eu sei que isso dói, mas nós sabíamos que isso iria acontecer um dia, não sabíamos?

- Acho que sim. – Ciih não estava mais pensando

- Ciih, grite, chore, faça alguma coisa que estou acostumada ver você fazendo quando está nervosa, por favor, não fique apática agora...

Cecília respirou profundamente várias vezes e por fim perguntou:

- Quem é ela?

Mia pensou que essa era a parte mais difícil, achou que Cecília não perguntaria isso agora:

- Ela é uma modelo inglesa.

- Uma modelo?! Mas como... Mia, você os apresentou?! Eu não acredito que você apresentou a futura esposa de seu irmão para ele, não acredito que foi você... – Cecília levantou-se do chão e começou a caminhar para a casa, apressada já com uma idéia despertando em sua cabeça.

- Me desculpe Ciih, eu não sabia que ele iria pedi-la em casamento. Você sabe que meu irmão depois que se mudou da fazenda, transformou-se num Casanova, na minha cabeça ela iria ser somente mais uma!

- Droga, droga! Eu sei Mia, que você não tem culpa, mas puxa vida, uma modelo... Mia estou indo para Dallas.

- O que?! Você não pode vir para cá agora, Cecília, não agora.

- Por que não?

- Porque você não ouviu nada do que eu disse... Agora é tarde demais. Por que você não veio antes quando tinha uma chance de conquistá-lo? Agora é tarde...

- Não, não é tarde demais, agora é à hora certa, já tenho 20 anos, já sou uma mulher, já estou quase me formando, ele não me verá mais como uma irmãzinha.

- Ciih, você não está entendendo, ele a trouxe com ele da Inglaterra, eles já estão morando juntos. Ela trouxe uma infinidade de malas...

- Oh, Deus, eu vou desmaiar... – Ciih encostou-se em uma árvore.

- Não, Ciih, você não vai desmaiar, você não é uma mulher que desmaia você sabe disso. Nossa, quando o assunto é meu irmão, você realmente fica irreconhecível.

- Tudo bem, eu não vou desmaiar, eu vou para Dallas e vou destruir um relacionamento, é, é isso!

- Ciih, por favor, ele é meu irmão, não posso dessa vez ficar do seu lado.

- Você gosta dela, não é Mia?

- Acho que sim, não sei ainda, mas isso não tem nada a ver com ela, tem a ver com você e AJ, eu não quero que nenhum dos dois sofra. E se ele realmente gostar dela, Ciih?

- Eu posso fazer seu irmão mais feliz que qualquer mulher no mundo, isso não basta para você?

- Pare por um momento e se escute! Você acha mesmo que este sentimento que você nutre por AJ, é saudável? Eu tenho quase certeza que não!

- Mia...

- Não, Ciih, tente lembrar-se, você se negou a amar outra pessoa, não deixou nunca ninguém realmente se aproximar. Você ficou com quantos caras na faculdade nesses dois anos? Dois. E por quanto tempo, nem uma semana cada um. Deus, Ciih quantas mulheres de sua idade que nós conhecemos que ainda é virgem e espera por seu príncipe encantando? Eu respondo, você não precisa se preocupar. Sem ser você, nenhuma!

- Mia, eu já lhe falei milhares de vezes a mesma coisa, mas vou tentar ser paciente e dizer-lhe novamente: Eu amo AJ, não sei por que, não sei por que durou tanto, se nem ao menos o vejo para alimentar esse amor, eu sei que parece maluquice, mas... Eu o adoro e algo me diz que ele também me ama somente nega esse amor por achar proibido. E nenhum cara conseguiu me tocar como AJ...

- Claro! Você não deixou...

- Não estou falando desse jeito, sua pervertida!

- Eu sei, somente estava tentando desanuviar. – Mia respirou profundamente e perguntou – tudo bem. Quando você vem?

- Agora! Assim que entrar em casa, mandarei o piloto preparar o helicóptero, estarei aí no máximo em três horas. Pegarei um táxi e a encontro em seu ateliê. E Mia não conte para AJ que estou indo, quero fazer uma surpresa, OK?

- Ciih, a cidade está uma loucura e sei como você se sente em cidades grandes, eu pedirei para alguém pegá-la. E não contarei a AJ, apesar de não gostar disso.

- Mas você não estará omitindo nem mentindo, ele nem sabe que estarei indo, não fará nenhuma pergunta a respeito.

- É acho que você está certa, agora vou desligar, tenho milhares de coisas para resolver da loja hoje. Beijo te vejo mais tarde, então. Tchau!

- Tchau, Mia.

Mia desligou o telefone e ligou para seu motorista:

- Gómez?

- Sim, señorita Mia, já estou saindo para ir apanhá-la.

- Ah, sim, obrigada. Você terá serviço mais ou menos daqui umas três horas?

- Que eu saiba, não, señorita. Seu irmão gosta de dirigir seu próprio carro, portanto estarei livre o restante Del dia.

- Ótimo você poderia então, buscar a Srta. Medeiros no heliporto no centro da cidade e levá-la até meu ateliê?

- Será um prazer, señorita.

- Obrigada, e Gómez, gostaria que caso você viesse a conversar com meu irmão não mencionasse esse servicinho extra.

- Pois não, señorita.

- Obrigada, Gómez e até mais tarde.

- De nada, señorita.

Mia desligou o telefone e se dirigiu ao banheiro para começar seu dia.

Cecília correu e entrou pela porta da cozinha, apesar de não querer encontrar ninguém, encontrou a Sra. Mavis, juntamente com Maria preparando um café da manhã reforçado para os convidados. Como ela ainda não as havia visto, cumprimentou:

- Bom dia, Mavis, Maria.

- Bom dia, Cecília.

A Sra. Mavis trabalhava para os Medeiros desde que Cecília nascera e percebeu que havia algo errado com a menina. Discretamente pediu que Maria saísse, enquanto Cecília ligava para o ramal do piloto para avisá-lo da viagem.

- Algo errado, Cecília?

- Não, Nana – o apelido carinhoso que Cecília a chamava desde pequena, Cecília pos um biscoito na boca – somente vou ver Mia, voltei da faculdade e ainda não nos vimos, estou com saudades...

- Humm, sei...

Cecília olhou-a sem entender a ironia.

- E você pelo jeito não vai cumprimentar seus tios e nem falar para seus pais que você está indo viajar? – como os Mclean eram amigos antigos, Cecília os chamava de tios, apesar de não terem parentesco algum.

- Não para as duas perguntas. – ela foi se levantando, pois não queria dar mais explicações para a mulher que a conhecia tão bem, como sua própria mãe.

- Sente-se, mocinha! Agora você vai me dizer que essa sua ida repentina para a cidade, um lugar que você evita como a peste, não tem nada a ver com uma notícia que ouvi lá na sala.

Ah, droga - pensou Cecília.

- Que notícia? Acabei de entrar, não sei do que você está falando.

- Ah, não sabe?! Pois bem, eu nunca vi a Sra. Claire tão feliz, agora que AJ, até que enfim, encontrou sua cara metade.

Cecília se segurou para dizer com todas as letras que aquela mulher não poderia ser a cara metade de AJ e se entregar fácil, fácil para sua eterna babá.

- Ah, AJ vai se casar? Que bom. Cumprimente tia Claire e tio Harry por mim.

- Eu não sei com quem você pensa que está falando, menina, mas acho que você me subestima.

- Nana... – Ciih estava com pressa e não queria mais um sermão, já bastava o da Mia, mesmo tendo quase certeza que Nana não sabia de seu amor por AJ, ou sabia?

- Sente-se, só levarei um minutinho – Cecília sentou-se novamente e pensou que se não fosse sua paixão pelos cavalos, deveria ter se mudado da casa dos pais a tempos.

- Bem, menina, agora que você já está bem grandinha para entender o que vou dizer aí vai: eu vejo você correndo atrás desse rapaz desde quando você usava fraldas e vejo, ou via, o mesmo rapaz se dobrando de atenções para uma menina que na idade dele, ele deveria no mínimo ignorar. E todo mundo achando lindo o amor fraternal entre os dois. Só que eu vou dizer uma coisa: somente quem é cego para não enxergar que vocês dois foram feitos um para o outro, digo como homem e mulher...

Cada frase que Nana terminava Ciih arregalava mais os olhos.

- E digo mais, eu não sei o que aconteceu, mas ninguém foge como AJ fugiu de você, caso você não significasse nada para ele – Nana se aproximou de Ciih e pegou as mãos da menina e continuou – só espero que você não tenha demorado demais para lutar por ele, criança – beijou a testa de Ciih e disse – agora vá, eu falarei para seus pais que você partiu depois que o helicóptero estiver no ar.

Cecília ficou sem palavras, sua Nana era realmente maravilhosa. Deu um abraço apertado nela e saiu da cozinha com suas esperanças renovadas, graças às observações valiosas de sua babá.

Cecília tomou um banho rápido, escovou os cabelos molhados sem secá-los e foi para o closet fazer sua mala e se vestir para a batalha de sua vida. Ela era uma mulher da fazenda, apesar de seu guarda-roupa ter vestidos de festas e roupas refinadas, na sua maioria era jeans, blusinhas das mais variadas, camisas, botas e chapéus. Claro que não eram peças baratas, tudo fora comprado nas melhores e mais caras lojas de Dallas, mas mesmo assim, quando Ciih foi arrumar sua mala, foi a primeira vez em sua vida que sentiu vontade de ter um outro estilo, pois afinal iria guerrear como uma top model.

Jogando mais uma calça jeans na mala, Ciih espantou estes pensamentos, afinal, AJ a conhecia a vida inteira e se fosse para ser seu a amaria como ela era, não como poderia ser.

Com esse pensamento fechou a mala já pronta. E foi procurar algo para vestir por cima de seu conjunto branco rendado da Victoria’s Secret. Decidiu por uma calça jeans escura, com pequenas rosas brancas bordadas na cintura baixa, uma regata de cotton lycra branca, que mal chegava ao cós da calça deixando a amostra seu piercing de diamante, uma das loucuras da faculdade, no umbigo, uma bota de couro preta toda trabalhada que custara uma fortuna e seu chapéu Stetson predileto. Ajeitando o chapéu branco sobre seus cabelos castanhos, ela se olhou de corpo inteiro no imenso espelho e aprovou sua aparência. Caso tivesse um confronto com a futura ex-esposa de AJ, quando chegasse ao apartamento de Mia, que ficava um andar abaixo da cobertura dele, ela estaria à altura para enfrentar a fera.

Passou um batom cor de boca nos lábios, pegou a mala e se dirigiu aos fundos da propriedade, onde ficava o helicóptero do pai.

- Bom dia, Terrence. Lindo dia para voar, não?

Pegando a mala da mão de Ciih e ajudando a subir, respondeu:

- Bom dia, Srta. Cecília. Lindo mesmo chegaremos a Dallas sem problemas.

- Obrigada, Terrence. – falou Ciih se ajeitando no banco e colocando o cinto de segurança.

Não passou despercebido a ela, o olhar desejoso, porém discreto do novo piloto, ela estava acostumada a isso. Impossível não estar, ela ganhara muitos títulos de beleza em sua vida estudantil. Além, de acordo com Mia, ter destruído inúmeros corações e não fosse seu jeito simples, até debochado de viver e tratar as pessoas, ela tinha certeza que hoje seria uma garota odiada em seu meio, mas não era assim, as pessoas realmente gostavam dela. O que há incomodava um pouco era ela ter que provar mais do que as outras mulheres, que além de beleza, ela tinha também um cérebro.

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