Era uma manhã esplendorosa de verão. O sol já estava quente e brilhante, quando Cecília Medeiros saiu de casa para ir até os estábulos e acompanhar o trabalho dos empregados do haras de seu pai.
Enquanto caminhava sorridente, cumprimentando um empregado aqui e ali, ela arrumava o chapéu branco, estilo country Stetson, sobre seus cabelos castanhos, médios e ligeiramente ondulados, pensando nos trabalhos a serem realizados, e nem ao menos notava que alguns olhos acompanhavam suas belas pernas, moldadas na sela de um cavalo, em um short jeans justo desfiado na barra.
Hoje, para deleite dos funcionários, ela estava com esse short, uma bota de couro, cano alto, e uma camisa rosa justa sem mangas, amarrada na cintura. Naturalmente, os olhares eram discretos, afinal os empregados mais velhos, aqueles que trabalhavam para o pai de Ciih, antes mesmo de ela nascer, estariam de olho para garantir o respeito que a “patroinha” merecia, pois sabiam que por trás de toda aquela beleza, havia também muita competência, determinação e que ela era capaz de domar qualquer cavalo, somente com palavras e atenção, afinal os animais do Haras Bradley eram “encantados” e não domados a força.
Ao chegar aos estábulos, ela ficou satisfeita, as baias já estavam limpas, a comida e a água distribuída, e os cavalos recebiam os mimos merecidos, eram escovados, seus cascos lixados e encerados e alguns estavam tomando seu banho:
- Bom dia, Srta. Cilia!
- Bom dia, John! Como estão as coisas hoje?
- Tudo
Cilia notou o rubor de John e deu uma risada gostosa, dando um tapinha camarada nas costas do velho senhor. John Watson, o administrador dos estábulos, trabalhava para seu pai a mais de 25 anos e a conhecia desde bebê, e mesmo sabendo que podia tratá-la de igual para igual, não o fazia. Abraçando John pelos ombros deixando-o mais sem graça ainda, ela disse:
- Pode deixar John, eu vou falar com ele. Ele ficará mais calmo até a hora da chegada das éguas, tudo bem?
Black Spirit era um garanhão potente, o melhor e mais premiado puro sangue do país. Sua linhagem vinha de longa data e todos os seus antepassados, assim como seus descendentes, eram campeões e, suas coberturas custavam alguns milhares de dólares que os outros criadores pagavam com prazer. Mas as éguas escolhidas tinham que ser fortes para agüentar sua empolgação sem correr o risco de se machucarem, mesmo todo o processo ser acompanhado de perto por peritos.
Mais vermelho do que nunca o homem discretamente se desvencilhou do braço de Cilia e respondeu:
- Se a senhorita diz.
Ciih tocou o chapéu, cumprimentando John do jeito que ele costumava fazer com ela e saiu. Passando perto da cesta de maçãs, pegou uma, se dirigiu ao curral onde Black Spirit exercitava-se e assobiou chamando-o perto da cerca. O cavalo relinchou e se aproximou majestoso, balançando sua crina negra e mostrando-se à fêmea.
Cecília estendeu-lhe a mão com a maçã e Black Spirit comeu-a de uma única mordida e ela falou mansamente:
- E aí, garotão, dando trabalho, para todos esses homens metidos a machões? Será que você poderia ficar calminho? Mais tarde você terá belos pares de ancas a seu dispor.
Ela passava a mão no pescoço do animal e como por encanto, ele ia se rendendo, se entregando.
Sem ser visto, John observava-a do estábulo, pensando, que a menina era boa mesmo com os animais.
Cecília levou um susto, quando o celular que estava em seu bolso tocou, assustando também Black Spirit, afastando-se dela.
Quem poderia ser uma hora dessas? Pensou ela. As pessoas que tinham seu número jamais ligariam tão cedo. Tirou o celular do bolso do shorts e viu o nome de sua melhor amiga, Mia Mclean, escrito na tela.
Cecília empalideceu e titubeou antes de atender, só haveria uma razão para amiga ligar-lhe tão cedo assim:
AJ!
A amiga nunca, nem quando eram crianças, acordava tão cedo. Cecília tinha certeza que a ligação de Mia tinha algo a ver com Alexander James Mclean, o irmão mais velho de Mia e o grande amor “impossível” de Cecília, pelo menos por enquanto impossível, pensou Cecília. Ela sabia que um dia AJ seria seu, quando a diferença de quinze anos entre eles não pesasse tanto. Talvez como agora, devaneou ela...
E por um instante Cecília voltou no tempo...
Ela e Mia sempre foram inseparáveis, suas famílias eram proprietárias de fazendas vizinhas e nutriam uma amizade sólida antes mesmo das meninas nascerem.
Elas fizeram e aprenderam quase tudo, juntas, somente se separaram depois do colégio. Cecília foi para a faculdade de Veterinária e Mia foi para a de Moda. Mesmo com a distância continuaram a ser confidentes e era sempre uma festa quando se encontravam nas férias.
Desde quando Cecília se entendia por gente, AJ fizera parte de sua vida e a vida inteira ela fora completamente, abarrotadamente apaixonada por ele.
Ele fora o adolescente e agora o homem mais lindo que Cecília já vira, porém durante todo esse tempo, ela fora tratada por ele, como a outra irmã mais nova.
AJ a havia visto nascer. Dera-lhe inúmeras mamadeiras, a vira dar os primeiros passos, já a colocara para dormir inúmeras vezes, e depois, a ensinara a nadar, a pescar, a cavalgar, e mais tarde, a arte de domar os cavalos através do método Monty Roberts, o famoso encantador de cavalos.
Mesmo com a diferença de idade, ele jamais havia sido como os outros garotos. Nunca a destratara por ser menina, mais nova, mais inexperiente, ele sempre a protegera e bajulara, assim com Mia claro. Fora o irmão e amigo mais perfeito que uma menina poderia querer.
E conforme ela foi crescendo o aparente amor fraternal que sentia por ele foi se modificando.
Quando ela tinha somente três anos, AJ foi para a faculdade e por duas semanas ela ficara doente sem explicação nenhuma. Não comia mais, não queria mais brincar, chorava pelos cantos sem razão. Os pais, preocupados, chamaram o médico da família e depois do exame, dizendo que aparentemente ela não tinha nada físico, perguntou se, por acaso, ela teria passado por algum trauma; se perdera algum animal de estimação, se algum amigo havia se mudado, ou um parente haveria falecido. Então os pais entenderam que ela somente sentia falta de AJ, seu irmão de criação, e por mais incrível que pareça, sua doença acabou quando AJ, a pedido de seus pais e os de Cecília, ligava diariamente para a menina. Contando os dias juntamente com ela, para as férias, quando ele retornaria a fazenda para fazê-la ficar bem.
Aos doze anos, quando as meninas começavam a olhar os meninos não mais como inimigos, ela percebeu que AJ nunca fora o inimigo, nem o irmão, mais seu primeiro e único amor, mas ela sabia que era só uma criança ainda e ele já um homem de 27 anos. Formado na Faculdade de Comércio Exterior e também Zootecnia. Havia estudado como um louco para conseguir acompanhar e cuidar dos negócios da família. E havia também suas conquistas, suas namoradas, fatos que a perturbavam e entristeciam mais do que era normal, mas ela esperaria pacientemente até seu décimo quinto aniversário, onde aos seus olhos, ela seria apresentada à sociedade como mulher.
Cecília sempre fora linda, nascera linda e continuou assim. Já era adorada por garotos mesmo no jardim de infância e bem, ao entrar no colegial, tinha uma legião de fãs, mas nenhum deles tinha qualquer chance com ela. Seu coração já era de outro há muito tempo. Mas na festa de seus quinze anos, ela superou todas as expectativas, ela estava deslumbrante, encantadora e por mais que pareça agressivo dizer isso de uma menina dessa idade; incrivelmente sexy. E era exatamente isso que Cecília queria estar irresistível, pois ela decidira que seria nesse dia que ela declararia seu amor a AJ. Ela tinha um plano e foi esse plano que talvez, a fez perder Alex para sempre.
A festa estava maravilhosa, cheia de convidados ilustres, pessoas que Cecília nem conhecia. E lá estava ele esplendoroso vestido no seu smoking.
AJ havia ficado alto, 1,85m de puro músculo, conquistados com muito esporte e muito trabalho pesado em seu haras. Apesar de hoje trabalhar mais na parte administrativa, ele não perdera o bronzeado que conquistara trabalhando ao ar livre. Seus cabelos eram lisos e castanhos, clareados naturalmente nas pontas pelo sol, seus olhos eram de um castanho profundo, quase pretos, como a parte mais profunda dos mares caribenhos. Seu rosto era forte e tinha o poder de causar impacto, seu maxilar era quadrado, como esculpido em mármore, seu nariz era pequeno em contraste com a boca generosa e os olhos grandes. E não havia uma mulher que não sucumbisse a AJ, caso ele a quisesse.
Além de lindo ele era charmoso, educado, gentil e milionário. E mesmo com todas essas qualidades, AJ estava sempre sozinho nas festas de aniversários ou nos feriados comemorativos e quando os pais decidiam pressioná-lo, pois achava que estava na hora dele arrumar uma esposa, ele desconversava e dizia que ainda não havia achado a mulher certa.
Cecília sonhava que ela era essa mulher...
E se lembrava como uma tortura de todos os detalhes daquela noite.
Ela havia se aproximado quase flutuando na roda de amigos onde AJ estava com uma taça de champagne nas mãos e percebeu com satisfação que todos os homens da roda pararam de falar para olhá-la com admiração, ela pediu a AJ docemente:
- Posso falar-lhe por um instante?
- Claro! – respondeu AJ solicito – com licença – pediu educadamente e pegando o cotovelo de Cecília se dirigiu a um lugar mais reservado, perguntando:
- Algum problema, Ciih?
Cecília tremia, pegou o copo das mãos de AJ e bebeu o champagne num só gole. Precisava do álcool para que tivesse coragem e o fez antes que AJ pudesse impedi-la, tirando o copo vazio de suas mãos dizendo alarmado:
- Hei! Que eu saiba você está fazendo quinze anos e não dezoito. Bebidas alcoólicas ainda são proibidas para você.
Cecília percebeu que AJ estava um pouco alterado, ele devia ter bebido mais do que costumava. O que era uma surpresa! AJ jamais ficara bêbado sem um bom motivo, pelo menos nas festas das famílias, mas precisava continuar com seu plano e disse sedutora:
- E beijar, AJ, eu já posso beijar ou preciso alcançar a maioridade para isso também?
AJ pareceu perturbado, mas mesmo assim disse:
- Por mim, você não beijaria ninguém até precisar de bengala para se manter em pé – a resposta pegou Cecília de surpresa, mas AJ continuou:
- Por que, Ciih, você quer beijar alguém? – para sua surpresa, ele observava atentamente sua boca.
- Não... – a voz de Ciih falhou quase a entregando, mas conseguiu firmar a voz e completou - não quero, mas querem me beijar!
- Quem?
- Matheo.
- E você quer minha opinião se deve ou não beijar esse tal de Marco? É isso?
- Matheo.
- Tanto faz.
Cecília não estava reconhecendo AJ. Ele sempre fora tão sério, tão gentil e de repente parecia sarcástico. Sim, pensou, podia ser o excesso de bebida. Ela tomou coragem e por fim disse:
- Não, AJ, eu não quero sua opinião, eu quero sua ajuda. Eu preciso que você me ensine a beijar, caso, bem, eu queira beijar Matheo depois.
- O quê?! – AJ arregalou os olhos e olhou-a como a uma estranha
- Isso que você ouviu, eu preciso que você me ensine a beijar...
- Cristo! Eu não posso fazer isso, você é minha irmãzinha...
- Não, AJ, eu não sou sua irmãzinha! Eu não acredito que você me negará isso no dia do meu aniversário – ela fez um beicinho que sabia que AJ não resistiria, ele nunca conseguira dizer não ao seu beicinho – eu preciso aprender a beijar. E por que não com você? Sei que não zombará de mim, caso eu seja um fracasso...
- Não, Ciih, não e não – ele começou a se afastar dela.
- Por favor, AJ – ela segurou seu braço e lá estava aquele beicinho de novo – eu não acredito que você fará isso comigo. Você não vê, eu estou precisando de você, agora, me ajude, por favor... Você quer que todo mundo pense que eu sou uma fraude, todo mundo do colégio acha que eu sou uma expert em beijar, em seduzir...
- E posso saber o porquê deles pensarem assim? No mínimo você deve ter dado motivos.
- Não, eu não dei... – ela hesitou antes de falar – acho que o problema é minha aparência. Já ouvi algumas pessoas no colégio comentando que sou uma explosão de sexualidade e que seria impossível eu ter somente quinze anos... Com esse corpo... É isso, eu não posso simplesmente ser uma negação beijando, se outros acham que eu sou boa nisso.
- E desde quando você se preocupa com que os outros falam Ciih? O que está acontecendo com você? Primeiro essa coisa de eu te ensinar a beijar... Não, não adianta fazer esse beicinho, dessa vez não vai dar.
- Por favor, AJ, por favor – ela tinha lágrimas nos olhos. Ela precisava convencê-lo, claro que não existia nenhum Matheo que queria beijá-la. Ela somente queria que seu primeiro beijo fosse com AJ, jamais imaginou que ele iria negar-lhe, já que ela sabia que ele já havia beijado metade do estado.
Então resolveu jogar um pouco mais baixo:
- Meu Deus, como você está chato! Eu só estou pedindo um beijo, não é nada demais já que beijou mais garotas do que você pode contar, eu somente seria mais uma da sua lista.
- Eu não sou chato! Mas você... Eu não posso beijá-la como se você fosse mais uma... Você não entende...
- Sei, sei! Eu não sou sua irmã, droga, eu só estou pedindo para que você me ensine a beijar...
Algumas cabeças se viraram para olhá-los, sem perceber eles haviam se alterado e falavam quase gritando e AJ sabia que a última frase fora ouvida por algumas pessoas.
Pegando firme a mão de Ciih, AJ começou a puxá-la para longe dos convidados. Ele saiu do salão, onde estava se realizando a festa e foi para o jardim, mas onde ele olhava havia gente e continuou arrastando Cecília.
- AJ, você está me machucando, me solte...
- Não, você vem comigo! Você quer uma porcaria de um professor de beijo? É isso que você terá!
Cecília lembrava-se como seu coração acelerou e seu corpo automaticamente começou a tremer e ela só conseguia pensar: ele vai me beijar, ele vai me beijar..., não importava mais que seus pés, a todo instante, viravam por causa do salto alto, ou os tropeções que dava, ao enroscar-se na barra do vestido longo.
AJ não achava um lugar que não houvesse ninguém, eles andaram, passaram pelos carros estacionados e mesmo nos carros havia adolescente se agarrando. Ele acabou chegando perto dos estábulos e Cecília pôde sentir o cheiro tão familiar de feno misturado com o dos cavalos, que ela amava e conhecia desde quando nascera, assim como era com AJ.
Sem ao menos dizer o que ele iria fazer, AJ encostou Cecília na parede lateral do estábulo e grudou sua boca na dela, sem aproximar o corpo, segurava firme o pulso de Cecília. Foi um beijo sem carinho, somente lábio contra lábio, mesmo assim, Cecília achou que iria desfalecer. Em sua mente a mesma frase se repetia agora num tempo verbal diferente: ele está me beijando, ele está me beijando...
E aos poucos AJ amenizou a pressão. E somente com os lábios ele a beijava suavemente. Primeiro os lábios superiores de Ciih, depois os inferiores, dando leves mordidas, sem machucar. Cecília não agüentava mais, entreabriu os lábios convidando, instigando AJ a aprofundar o beijo e ele não hesitou tomou posse do que já era seu. Passou sua língua vagarosamente entre os lábios de Ciih e entrou já explorando o interior de sua boca. Ciih soltou um gemido de puro deleite e mesmo sem nenhuma experiência, seu instinto a fez se aproximar mais de AJ e grudar seu corpo no dele.
AJ soltou o pulso de Ciih e a enlaçou pela cintura, trazendo como se fosse possível, mais para perto de si. O beijo agora se transformava num beijo exigente, apaixonado. Eles não sabiam mais de quem eram os gemidos. Cecília percebeu, com a pouca coerência que ainda lhe restava, que simplesmente AJ havia se entregado. Ele era dela ali, somente dela e nada mais importava.
Quando ele desesperadamente tentou alcançar suas coxas já bem torneadas pelo manejo com os cavalos, no meio de todo aquele tecido e tule, ela não resistiu ou protestou. Quando ele finalmente conseguiu chegar a suas pernas e rasgou sua meia-calça, ela somente gemeu e arqueou os quadris oferecendo-se, pedindo mais. Em nenhum momento ele parou de beijá-la, nem ao menos para explorar seu pescoço ou seu colo exposto pelo decote tomara que caia. E quando ele afastou sua calcinha e introduziu delicadamente um dedo dentro dela, já úmida e quente, ela achou que desmaiaria de tanto prazer e o gemido de AJ dizia mais do que qualquer palavra.
Ele pegou a mão de Ciih e a pressionou sobre sua calça, mostrando sua excitação. Ciih sentiu pela primeira vez a rigidez de um membro masculino em suas mãos, mais uma vez por instinto começou a massageá-lo sobre o tecido, fazendo AJ intensificar sua investida dentro dela. Agora ele introduzia, num movimento frenético de vai e vêm, dois dedos dentro de Ciih e com o seu polegar massageava seu clitóris, levando Cecília a um ponto inimaginável de excitação. Cecília se pressionava a ele, sem entender até onde aquela agonia prazerosa iria levá-la e numa contradição espantosa, ela não sabia se queria que aquilo acabasse ou jamais terminasse.
E a única frase entrecortada que ela ouviu de AJ foi:
- Solte-se... Deixe vir... Vem comigo, Ciih... Vem...
Seu corpo aceitou sem questionar o comando dele. Primeiro ela sentiu seu corpo se retesando e depois se soltando com uma explosão de puro gozo.
Cores.
Espasmos corporais.
Perda total da capacidade de se manter em pé.
AJ abafou seu grito com sua boca e ela sentiu em sua mão a essência do macho, quente e úmida.
Totalmente entregue, com sua cabeça apoiada no ombro de AJ, ela sentia a respiração dele, voltando ao normal em seu pescoço, enquanto com uma mão atrás de suas costas ele se segurava na parede do estábulo e outra ele tirava gentilmente de entre suas pernas. Passando a língua nos lábios ressequidos e inchados, ela preguiçosamente disse, limpando a garganta para a voz sair:
- Eu amo você, AJ, amo você...
AJ como acordando de um pesadelo e não de um sonho bom, afastou-se de Cecília bruscamente, quase a fazendo cair, virou-se de costas, tampou seu rosto com as mãos.
Cecília sem entender nada e sentindo um frio repentino, sem saber se pela falta dos braços de AJ, ou pelo sentimento inesperado que a acometeu: ela poderia perdê-lo para sempre. Tentou se aproximar colocando a mão no ombro de AJ, chamando baixinho.
AJ se encolheu como se o toque dela fosse contagioso, virou-se vagarosamente, dizendo, em tom de lamento:
- Ah, Ciih, ah, Meu Deus, o que eu fiz? – o restante da frase foi como um golpe físico em Ciih – você é somente uma criança... Uma criança... Como uma irmã para mim! E eu a tratei como uma... Uma...
Ciih se afastou com a mão no estômago e quase gritou:
- Não!
- Sim, Ciih, sim. Eu sou um homem, porra! Homem! Não uma droga de um moleque com os hormônios alterados, eu deveria ter me controlado, me desculpe...
Enquanto AJ falava, Cecília somente conseguia balançar a cabeça negativamente, dizendo não, não e lágrimas escorriam sem parar de seus olhos.
- Você não entende, eu sou o cara que deveria te proteger de homens como eu, que se aproveitam de meninas ingênuas como você... E olhe que eu fiz me comportei como um cafajeste, nunca me senti tão vil, como agora...
- Pare AJ, por favor, pare – Cecília chorava, ela não podia acreditar que AJ não a amava que AJ não havia percebido que algo maravilhoso e especial tinha acontecido que cada palavra que ele pronunciava era como um golpe físico nela.
- Não, Ciih, você que não está compreendendo! Como poderei encarar seus pais, meus pais, depois disso?! Eu sou como o irmão que você não teve para eles, meu papel sempre foi e sempre será de protegê-la, cuidar de você... Não denegri-la a uma qualquer, olha o estado que você está...
- Eu estava ótima, até você começar a falar esse monte de besteiras! – gritou Cecília – será que você não consegue ver? Eu amo você, sempre amei e...
- Não, por Cristo, não! O que você sente por mim, é somente uma admiração, um amor fraternal, você nem tem idade para saber o que realmente é amar alguém... Você é só uma criança e eu... Aproveitei-me de você... Não tem desculpa o que fiz... – AJ mais uma vez praguejou e xingou sem conseguir se controlar.
- Pare de achar que eu sou só uma criança, você não se aproveitou de mim, você sabe melhor que ninguém, AJ, que nenhum homem conseguiria fazer o que você fez se eu não deixasse, se eu não quisesse – Cecília tentou se aproximar, mas AJ não deixou, afastando-se – lembra você mesmo me ensinou, eu monto cavalos desde os três anos e domo-os desde os dez, você acha que não tenho força para impedir um homem de por a mão em mim? Eu queria você, eu quero você, eu amo você...
Cada palavra de Cecília fazia AJ dar um passo para trás, Cecília sabia que estava perdendo-o e isso a estava dilacerando e ela não sabia o que fazer para mudar o que estava acontecendo.
- Ciih, me perdoe – AJ tinha lágrimas nos olhos, Cecília nunca havia visto AJ chorar, nunca. Para ele, homens, principalmente cowboys, não choravam jamais e vê-lo tão abatido, envergonhado, a encheu de culpa e vergonha.
- AJ...
- Desculpe-me, perdoe-me, mas estou mal agora, preciso sair daqui, merda! Preciso... Estou me sentindo o último dos homens, um escroto. Eu não vou conseguir voltar para sua festa, como se nada tivesse acontecido. Sei que deveria ficar e lhe dar apoio, dizer coisas que amenizasse o que fiz, mas... Simplesmente, não dá... Eu preciso sair daqui... Eu preciso ir embora...
- Não, AJ, fica comigo, por favor, eu...
- Não, Ciih, a única coisa que posso lhe dizer agora, é que esse sentimento que você pensa ter por mim...
- Eu não penso, eu tenho!
- Tudo bem, querida, tudo bem, esse sentimento que você tem por mim, irá se mostrar da maneira como ele é, que é admiração, paixão de adolescência e desaparecerá com o tempo e tenho medo que um dia você me odeie pelo que aconteceu hoje e eu não poderei viver com seu ódio...
E uma explosão de raiva acometeu Cecília:
- Eu não vou odiá-lo ALEXANDER JAMES MCLEAN, eu já o odeio...
Cecília saiu correndo em direção a casa, segurando seu vestido todo amassado, chorando. Ela queria que AJ viesse atrás dela, consolá-la, pegá-la nos braços dizendo que a amava, mas AJ não veio. E ela conseguiu com a ajuda de Mia se recompor e voltar à festa, para não ter que dar maiores explicações aos pais. Ela lembrava-se que Mia queria matar o irmão, mas ela disse que o deixasse em paz que toda culpa era dela mesma, acreditando que um homem olharia uma menina como ela, como uma mulher.
E depois desse dia, Cecília o havia visto somente em mais três ocasiões, dois natais e um aniversário de Mia e somente por alguns minutos, que sempre que ela chegava, ele arrumava uma desculpa para ir embora. AJ mudou-se da fazenda para o apartamento em Dallas, transferindo os principais negócios da família para o escritório de lá, alegando que assim facilitaria a abertura de novos contratos e negociações.
E agora havia mais de três anos que eles não se viam e todas às vezes que Cecília tentava contato, ele inventava uma desculpa, ou quando atendia suas ligações, falavam de banalidades. AJ jamais mencionara o ocorrido e quando Ciih tentava, ele desligava inventando mais desculpas.
Mas seu amor, não era somente admiração, não era uma paixão de adolescência e não desaparecera com o tempo, ela ainda o amava, mesmo agora com 20 anos, ela não o havia esquecido e tinha certeza que esse telefonema de Mia, mudaria para sempre sua vida.
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