Hoje era seu aniversário. A partir das 09h20min da manhã já não teria menos de 32 anos. Brianna suspirou, enviando um sopro de vapor ao ar frio. Então, por que estou aqui fora, no meio dos Montes Urais, escutando um guia turístico falar sem cessar sobre os velhos bosques da Rússia?
Porque fez uma promessa a um homem morto, por isso. O excêntrico, embora querido, tio Alexi sempre quis voltar a visitar a terra onde nasceu, mas nunca teve a oportunidade. Depois da morte de seus pais, tio Alexi a criou como a uma filha. Assim durante anos esteve muito ocupado preocupando-se com ela e fiscalizando seus projetos internacionais de conservação florestal para ter tempo para si mesmo. À medida que passava o tempo e Brianna crescia, ajudou a ela em seus esforços de conservação... mas ele nunca encontrou tempo para ausentar-se.
Pediu a ela que fosse em seu lugar.
— Tem que ver as montanhas e os bosques, Bri. Prometa-me que irá quando eu me for. São tão bonitos que os anjos choram de inveja. Quero que os veja. Provavelmente você também chorará, não é? —Tentou rir, mas seu corpo estava muito fraco pelo câncer.
Morreu naquele mesmo dia, mas só depois que prometeu a ele que visitaria sua pátria.
Tio Alexi tinha razão sobre a região no meio dos Urais; era impressionante. O ar, embora frio, era fresco e limpo, tão claro que alguém podia ver quilômetros das regiões mais altas. Era impressionante estar entre o denso bosque de árvores como estava agora, mas ao mesmo tempo era... horripilante.
Brianna não estava segura do por que a bonita paisagem inspirava tal incômodo temor dentro dela, mas ali estava. Sentia-se nervosa, tensa. Caçada. Por estranho que pudesse parecer a qualquer um que a conhecesse, sentia-se daquela forma há dois dias. Desde que ela e as outras treze pessoas de seu grupo, turistas, estudantes e guias, entraram em uma região particularmente densa do velho bosque.
Durante dois dias havia se sentido espreitada por algum medo sem nome. Quase poderia jurar que se virasse no momento preciso veria um monstro dirigindo-se para ela. Nem sequer a beleza da terra e a fauna podiam afastar sua mente daquele horrível sentimento de estar sendo caçada.
Não ajudava que a cada hora mais ou menos vislumbrasse pelo canto dos olhos um brilho de algo no bosque. Como agora, enquanto algo baixo e veloz se movia entre as árvores, oculto pela densa vegetação...
Mordeu os lábios. Os guias mencionaram que a área estava cheia de animais selvagens, especialmente raposas e lobos. Brianna se encontrou desejando que as sombras que via tão freqüentemente entre as árvores fossem só os curiosos habitantes do bosque e não os monstros de sua imaginação.
Piscou. — Está perdendo a cabeça —murmurou para si mesma— Não há nenhum monstro.
Dando-se conta de que tinha ficado para trás afastando-se do grupo enquanto estava perdida em seus pensamentos, apressou-se para alcançá-los. Gritou quando tropeçou, não notou uma raiz saliente no chão. Ao tropeçar, foi incapaz de recuperar o equilíbrio. Os sedimentos soltos cederam terreno enquanto cambaleava, fazendo-a escorregar.
— Ouchh!
Brianna caiu, ofegando quando viu a si mesma rolando incontrolavelmente por uma ravina íngreme. — OH, Deus!
Seus olhos se arregalaram quando um uivo penetrante se elevou até o céu. Gritando quando sua cabeça golpeou contra uma pedra, rapidamente se rendeu à negra inconsciência.
AJ acordou novamente com a sensação que havia sido atropelado por uma locomotiva. Na noite anterior ao chegar a casa, fora à primeira vez em anos que se sentira realmente sozinho. Tentou assistir um filme, tentou trabalhar em um contrato que trouxera, mas não conseguia se concentrar em nada, mas também não queria pensar, não queria lembrar o que sua mente insistia trazer a tona e mais uma vez bebera, além da conta.
Levantou-se e sentiu que o quarto rodava, entrou no chuveiro para um banho rápido e sem enxugar-se colocou seu roupão costumeiro. Saiu do quarto na esperança de tomar um café e aspirinas. Ah, Deus, como ele precisava de aspirinas.
Passou pela mesa da copa e viu o café já posto, seu estômago reagiu de forma negativa a todas aquelas guloseimas que a Sra. Bishop dispunha todas as manhãs e se dirigiu direto para cozinha e encontrou a empregada:
- Bom dia, Sra. Bishop.
- Bom dia, Senhor... AJ. O senhor gostaria de mais alguma coisa para o café?
- Não, obrigado – AJ quase torceu o nariz, quando se imaginou comendo algo – somente tomarei café... Puro. E Sra. Bishop poderia providenciar, por favor, duas aspirinas?
- Pois não, senhor.
AJ saiu da cozinha. Sentou-se a mesa, pegou o jornal dobrado, abriu-o sem nem ao menos notar o gesto automático. Ao perceber que não conseguiria se concentrar na leitura devido à forte dor de cabeça dobrou-o novamente e colocou-o de lado. Encheu a xícara de café e tomou um gole do líquido quente que supostamente deveria confortá-lo, aquecê-lo, fazer sua mente trabalhar direito, mas isso não aconteceu.
A Sra. Bishop trouxe sua aspirina e ele tomou rapidamente como se os remédios fossem tábuas de salvação num naufrágio, tal a dor que sentia.
Pegou o telefone, ligou para o celular de Linda, mas caiu diretamente na caixa postal, não quis deixar recado, mais tarde ele tentaria novamente. Somente gostaria de saber se ela havia chegado bem, já que ela ainda não ligara desde que saíra do escritório na tarde anterior. A verdade era que se sentia na obrigação de saber se ela estava bem ou não e queria se agarrar ao fato que estava noivo queria tentar continuar com aquilo, mas ele já sabia a resposta, não poderia mesmo prosseguir com a farsa que seria seu casamento.
Como a vida dele havia se transformado nessa sucessão de falta de controle e estresse? Nunca havia se sentindo assim antes. A não ser... A não ser por Cecília, sempre Cecília, não conseguia pensar em nada, a não ser em Cecília... Por que ela tinha que aparecer? Por que ela ainda o queria? Por que ele ainda a queria? Ele estava bem, não estava antes de ela vir? Já havia programado sua vida, não havia?
Ah, Deus! Precisava deixar esse assunto de lado, já havia decidido isso, já havia estraçalhado o coração de Cecília no dia anterior para poder se proteger, mas nada adiantara para si próprio, nem as duas bebedeiras que tomara em duas noites seguidas. Daqui a pouco iria se transformar num viciado.
Vendo que não conseguiria comer nada e nem se concentrar no trabalho que trouxera para terminar em casa, ele decidiu que iria aproveitar o que o motivara a comprar sua cobertura. A piscina privativa que tinha no andar superior.
Quando viera avaliar o apartamento para compra, fora o que mais chamara sua atenção, além da ótima localização e o conforto, claro. Mas a piscina era algo a parte.
Era uma piscina aquecida de um tamanho considerável, a arquitetura lembrava uma casa de banho grega, ao redor da piscina havia colunas de mármore branco, assim como as estátuas também de mármore em figuras místicas.
A cor das paredes era de um pêssego reconfortante e numa delas havia uma pintura que mostrava uma cena de um jardim na Grécia antiga. Era de tirar o fôlego.
Havia imensas janelas francesas que se abria para uma varanda que circundava toda a área, que continha um jardim de inverno muito bem projetado, dando ao lugar um ar sofisticado. Espalhados pelo local, tanto no jardim, como na área da piscina, havia espreguiçadeiras que convidavam para um repouso, a pessoa podia desfrutar da paisagem, enquanto o magnífico céu de Dallas os protegia.
Todo o conjunto era coberto com uma arredoma de aço e vidro temperado que filtrava gentilmente os raios de sol, deixando o ambiente iluminado sem ferir os olhos. A temperatura da água variava conforme a estação do ano. Como estavam no verão, à temperatura era mais para a fria.
Havia também, mesinhas para as pessoas poderem desfrutar ali suas refeições ou seus drinques; um vestiário completo com chuveiros, uma imensa banheira de hidromassagem e sauna; um sistema de som que espalhava a música por todo o ambiente. Era um lugar encantador, reconfortante. Tudo que AJ precisava naquele momento.
Apesar de ter todo esse espaço disponível, AJ raramente trazia convidados ou convidadas para lá, o local era mais usado por Mia, não agora, que estava empenhada em ser a estilista do ano. AJ sorriu ao lembrar-se que sua irmã havia crescido e se transformado numa profissional competente. Até mesmo independente demais, apesar de morarem no mesmo edifício, ela não quisera dividir o imenso apartamento com irmão, somente o queria por perto, fora essas suas palavras.
Levantou-se da mesa, avisou a Sra. Bishop onde estaria e se caso Linda ligasse transferisse a ligação para a piscina.
Entrou no elevador, digitou o código de segurança que o levava a área da piscina e pela primeira vez, desde que acordara se sentia melhor. As portas do elevador se abriram e ele sentiu o cheiro de cloro invadir seus pulmões. Isso era bom!
Mesmo depois de tanto tempo, ainda se espantava com a beleza do lugar. Os raios de sol brilhavam sob a água límpida, refletindo suas sombras sobre as estátuas e as paredes, dando ao lugar um quê de encantado. Abriu a discreta porta, onde estava o sistema de som e ligou-o preenchendo o ambiente com um som new age. Tirou o roupão, que colocara ao sair do banho, pendurou-o num dos ganchos na parede e entrou com um mergulho que o levou quase até o meio da piscina. E começou a se sentir revigorado com a água banhando seu corpo nu.
Dando braçadas lentas, de olhos fechados, atravessou a piscina lentamente, sentindo seus músculos tensos, relaxando. Pensou que precisava fazer isso mais vezes. Começaria a acordar mais cedo e aproveitaria mais desse espaço. Bateu na borda da piscina e fez o trajeto de volta.
Quando estava na segunda volta, invés de sua mão roçar a borda dura e fria da piscina sentiu algo macio e quente, assustou-se e levantou-se engasgado com a água que engoliu e deu de cara com a melhor, ou pior, visão que poderia ter aquela manhã.
Ali estava Cecília, vestindo um biquíni minúsculo, que mal cobria aqueles seios redondos e firmes que com certeza encaixariam com perfeição em suas mãos. Ela estava com um sorriso perigoso nos lábios, deixando claro quais eram suas intenções. Seduzi-lo! Mais uma vez!
Cecília pensou em escapar, sair dali sem ser notada, mas a visão daquele deus pagão nu, nadando naquelas águas mágicas, a fez ficar e desejar e tentar mais uma vez, afinal lutara por esse amor por vinte anos, não iria desistir apenas em vinte horas. Iria fazer com que aquele homem, uma vez por todas, sucumbisse a ela. Se era seu corpo que ele queria, era isso que ele teria, mas ela sabia que seria mais. Aquela era uma chance única e pensou que talvez o Deus verdadeiro gostasse realmente dela.
Sem pensar nos acontecimentos do dia anterior e se esquecendo de todas as promessas que fizera a si mesma, ela aproximou-se devagar para não fazer barulho, mas achou que talvez AJ pudesse ser capaz de escutar as batidas de seu coração.
Admirou as pernas bem torneadas, as nádegas firmes, as costas largas, os braços fortes.
Ele não tinha o direito de ser tão perfeito!
Cecília nunca havia visto um homem nu, a não ser em livros, ou em filmes proibidos para menores, mas assim pessoalmente, nunca. É verdade que já sentira a virilidade de AJ em sua mão, mas nunca o vira, assim...
Nossa! Eu quero ver tudo! Eu quero tudo!
Desceu devagar os degraus da escada em arco que iam até o fundo da piscina, sentindo que aquela visão já a preparava para muito mais, sentia-se molhada antes mesmo da água alcançar suas partes mais íntimas.
Posicionou-se exatamente na rota de AJ, esperando...E até o fato de ele quase se afogar ao senti-la, não abalou a excitação de estar vendo-o nu.
Os olhos castanhos mais iluminados que nunca, a água escorrendo pelo magnífico peitoral, passando pelo estômago liso e trabalhado, o resto da contemplação ficou comprometida, pois o corpo de AJ estava submerso na água, mas mesmo assim não deixou de notar, de se espantar e de sentir uma felicidade inimaginável, vendo a reação daquele homem ao apenas constatar sua presença. E ele era magnífico! Grande, reto, pulsante. Queria sentir, precisava saber se ele e ela possuíam um encaixe perfeito.
Mordendo o lábio, para tentar não gemer, Cecília disse devagar com medo que sua voz não saísse:
- Bom dia, amor!
E levemente pousou seus lábios sobre os de AJ, sem fechar os olhos, afastou-se devagar, olhando-o profundamente, convidando-o a continuar o que ela começara.
AJ sabia que seria impossível esconder sua reação imediata à visão daquele corpo que ele já sentira em suas mãos, mas nunca vira em tal esplendor.E o leve roçar dos lábios de Cecília, o deixara mais que excitado, ele estava a ponto de explodir.
Precisava raciocinar! Precisava pensar nas coisas que ele ouvira da mãe dela! Precisava lembrar-se das palavras de seu pai, precisava lembrar que prometera a si mesmo que tiraria essa obsessão de sua mente, Precisava se lembrar o quão duro havia sido com essa mulher estonteante e sexy, para agora simplesmente sucumbir. Precisava se lembrar que mesmo tomada à decisão, ainda não havia rompido o relacionamento que envolvera outra mulher em sua vida e dessa vez fora longe demais a pedindo em casamento.
Mas como tudo isso seria possível, com aquela mulher ali, olhando-o como que pedindo mais? Como ele poderia raciocinar ouvindo aquela respiração quase acelerada, que fazia subir e descer aqueles seios que quase imploravam para sair daquele ínfimo tecido? Como poderia se esquivar olhando aquela boca que já estava entreaberta pedindo para ser devorada? Como poderia fugir daquele perfume que o assediava há cinco anos?
Mesmo assim, ele tentou, deu um passo para trás, sem conseguir desviar seus olhos dos dela. Mas Cecília foi rápida, ele sabia que ela queria mais, ele sabia que dessa vez, não estava lidando com uma menina, ali estava uma mulher decidida, que o queria mais do que ele próprio poderia imaginar. E segurando firme, seus antebraços, ela falou:
- Não, AJ, não fuja de mim. Nunca mais fuja de mim! – a voz de Cecília estava baixa, rouca. AJ sentiu seu membro pulsar ainda mais e Cecília deu o passo que faltava para que sua pele roçasse levemente a ponta de sua excitação. Sem ao menos perceber, ele gemeu, fechou os olhos e suas mãos agarraram os pulsos de Cecília que prendiam seus braços.
A reação de AJ foi mais que um convite para ela. Era uma mulher inexperiente com homens, virgem, mas não de todo inocente e deixou seus instintos guiarem-na nessa nova descoberta.
Com uma de suas mãos, envolveu o pênis de AJ e o encostou inteiramente em sua barriga, fazendo assim seus corpos se aproximarem. AJ abriu os olhos e viu os lábios que se preparavam para beijá-lo e sem querer pensar nas conseqüências, abaixou sua boca até que se encontrassem. Não ouve como fugir a regra e ouvir-se gemer e ouvi-la também, não, não gemer, Cecília ronronou...
E na mente de AJ passou, em segundos, perguntas e respostas que há tanto tempo o atormentavam:
Com quantas mulheres ele havia dormido, tentando tirar Cecília de seu corpo? Ele não poderia contar. E conseguira esquecê-la, removê-la de dentro de si? Não!
Há quanto tempo ele sabia que Cecília era, é e seria a mulher que preencheria cada um de seus espaços? A vida inteira, ele sempre soubera.
Como deixá-la ir agora, se precisava dela mais do que o próprio ar? Não, não poderia.
Ele precisava exorcizá-la, caso isso fosse possível. E o que melhor para isso, do que experimentá-la, possuí-la, fazê-la sua?
Ele precisava de Cecília! E sabia que tudo mudaria depois disso!
Deus! Como ela ansiou por este tipo de beijo, vindo daquela boca que ela experimentara apenas duas vezes, ele estava se entregando, ela podia sentir. O quanto ela ansiou por este contato, tão íntimo. Pele contra pele. Corpo contra corpo. Não saberia dizer como estava se sentindo. Ela tinha vontade de chorar de tanta alegria. Mas uma parte de sua mente ainda se preocupava. Se ele fugisse novamente. Se ele realmente não a amasse... E se... Eram tantos ses...
Diz-me como alguém consegue pensar, quando o homem que ama está lhe beijando dessa maneira?- pensou Cecília.
AJ explorava a boca de Cecília sentindo cada recanto, saboreando todo o sabor, pensando que a lembrança daquela boca o havia acompanhado sempre. E que a cada dia ficava melhor, mais generosa. E sentiu uma pontada de ciúme. Quantos homens haviam beijado aquela boca além dele? Cecília haveria deixado algum homem tocá-la como ele a havia tocado? E quantos? Ele sabia que esses sentimentos eram injustos para com ela, afinal ele não fora nem de perto um monge, mas Ciih havia nascido para ser dele, lhe era inconcebível imaginá-la nos braços de outro.
Ele desamarrou as alças do biquíni, beijando delicadamente o pescoço, os ombros de Cecília no processo. Ela pendia a cabeça para trás e deixava-se beijar. Estava com a boca entreaberta, rosada, inchada de desejo, sua respiração estava cada vez mais acelerada e suas mãos mergulhadas na água atrevidamente acariciavam as firmes nádegas daquele ser perfeito, trazendo-o mais e mais para junto de si.
AJ olhou os seios livres, agora, do pequeno biquíni. Sentiu-se maravilhado! Eles não eram grandes, nem pequenos e realmente encaixavam perfeitamente em suas mãos, notou ao segurá-los, acariciando o bico intumescido, precisava lhe sentir o gosto. Mas ele queria mais! Então começou de forma sensual a conversar com Cecília, pois dessa vez ele não fugiria, dessa vez não era errado, dessa vez ele iria até o fim...
- Ciih, olhe para mim e diga o que sente.
Cecília olhou-o sem entender a princípio o que ele queria e ele pediu:
- Fale-me o que sente. Você gosta disso? – e acariciou o botão rígido.
Cecília gemeu e sussurrou:
- Sim.
- Não, querida, não somente sim, me diga o que sente.
- Ah, me sinto entregue, isso me excita muito e sinto que preciso de mais...
- Mais o que? – perguntou AJ com voz rouca
- Quero sua boca AJ!
AJ sentiu um frio no estômago e um som quase animal saiu de suas entranhas. Ele não podia se sentir assim, nem de longe era sua primeira vez com uma mulher, mas com Cecília suas sensações eram como se fossem assim. Abaixou a cabeça e passou à língua em um dos mamilos já túmidos, Cecília arqueou as costas expondo-os ainda mais. Ele lambeu, sugou, mordiscou, devagar e mais depressa, um de cada vez. E achou que talvez, dessa vez, não seria possível dar a Cecília todo o prazer que ela merecia, pois ele já estava chegando ao limite, somente de poder acariciá-la daquele modo.
- Ah, Ciih, eu não estou agüentando mais, você vem me deixando louco há cinco anos, eu preciso de você, agora! Enlace minha cintura com suas pernas.
Cecília obedeceu e quando sentiu o membro de AJ roçar o meio de suas pernas, ela teve certeza que quase alcançou um orgasmo, somente com a perspectiva de ser penetrada. AJ por sua vez teve que respirar fundo algumas vezes, para não perder de vez todo seu controle.
Com Cecília no colo, AJ saiu da piscina, beijando-a sem parar, levou-a até uma espreguiçadeira de casal que havia perto da piscina, deitou-a delicadamente e antes de deitar-se a seu lado, ele desamarrou a parte de baixo do biquíni e ficou em pé para contemplar todo aquele corpo magnífico que ele esperara por tanto tempo, sem saber que somente ele poderia aplacar todo o desejo e frustração que o acompanhou por todos aqueles anos.
AJ deitou-se ao lado de Cecília e beijou-lhe apaixonadamente, passando sua mão por todo aquele corpo esguio, forte e tão feminino. E ao mesmo tempo, redondo, cheio de curvas. Ele sempre adorara ouvir Ciih falar, ela tinha uma voz musical, feminina e perguntou:
- Você pensava em mim fazendo isso? – e introduziu um dedo dentro da fenda úmida e quente dela, enquanto sugava um mamilo.
Cecília não conseguiria falar agora, ela não mal conseguia pensar. Ele parou de beijar-lhe o seio e retirando o dedo abruptamente disse:
- Se você não responder minhas perguntas, eu não farei mais nada. Você gosta disso? – e voltou a introduzir o dedo delicadamente.
Cecília sabia o que AJ estava fazendo. Sabia que ele estava fora de controle, mas que precisava se sentir com as rédeas nas mãos, que precisava se sentir dono da situação, que tudo aquilo não o abalava, que era somente corpo contra corpo, que não havia coração envolvido, mas ela não se importava, tudo a excitava ainda mais e respondeu quase gritando, quando ele tirou e introduziu o dedo de novo, dessa vez mais fundo:
- Sim, adoro!
- Você quer mais? – a voz de AJ estava baixa e rouca.
- Sim, mais – Cecília quase ofegava.
Ele introduziu mais um dedo em Cecília, olhando-a, pediu:
- Não, não feche os olhos, Ciih, olhe para mim.
Ela abriu os olhos e viu seu AJ ali, emoldurado com a luz do sol que banhava todo o lugar, transformando-o na imagem do deus que ela admirara na piscina. Ele estava cheio de desejo, apoiado com o cotovelo segurava a cabeça com uma das mãos, enquanto em seus lábios brincava um meio sorriso, que era pura malícia, ele falou:
- Dessa vez, quero estar olhando-a quando você gozar... Goze para mim, Ciih, goze para mim... – enquanto falava ele arremetia os dedos e com o polegar massageava seu clitóris, enquanto sua boca explorava mais uma vez seus seios sem deixar de olhá-la. A cena toda era puro erotismo. A luz do sol que os acariciavam, a música suave que os envolvia e a excitação incontrolável, que era tanta que chegava a ser palpável.
Cecília soube de imediato que ele não precisaria lhe pedir novamente, sentiu todo seu corpo se retesando, para depois explodir num orgasmo alucinante. E ela gritou o nome dele, gritou que o amava... Sentiu os braços de AJ envolvendo-a num abraço apertado e ouvia sua voz rouca em seu ouvido dizendo: “assim, meu amor, assim...”.
Muitas mulheres haviam se entregado a AJ, mas nenhuma como Cecília. Ele sabia que poderia lhe pedir qualquer coisa que ela faria, não somente por que o amava como ela disse, mas porque confiava nele, ela sabia que ele jamais a machucaria. E isso era mais do que AJ precisava saber para não deixar Cecília sair de sua vida nunca mais. Aprendera que amor, confiança e respeito andavam juntos e ele tinha tudo isso e mais com a mulher maravilhosa, admirável que estava agora em seus braços.
Que se danasse seu pai, a mãe dela, a sociedade hipócrita que os cercavam!
Ele iria se casar com a mulher que amava!
Nada mais importava... Bem, havia Linda ainda, mas isso ele resolveria quando ela voltasse, não, ele iria atrás dela e terminaria tudo!
Ninguém mais estaria entre ele e Ciih.
A única mulher que ele realmente quis para a vida toda era aquela que agora estava ali tão entregue a ele. E lutaria por ela. Ela já não era mais nenhuma criança, a diferença de idade entre eles já não pesava mais como antes e definitivamente ela não era sua irmã.
Ajoelhou-se ao lado de Cecília e segurando seu rosto com as duas mãos, perguntou-lhe emocionado:
- Você tem idéia de como é linda? Eu não sabia, mas a esperei por todo esse tempo. Era o seu corpo que eu procurava nas outras, era sua boca – e deu um leve beijo nos lábios de Cecília – que eu beijava, era seu cheiro que eu queria sentir... Ah Cília, como fui tolo... Desculpe-me por ontem, me desculpe por tudo que eu fiz, por tentar afastá-la de mim...
Cecília tinha lágrimas nos olhos, aquilo estava sendo melhor do que todos os sonhos que ela tivera desde sempre com AJ. Ouvi-lo dizer-lhe tudo aquilo, naquele lugar idílico, era mais do que ela podia esperar e disse emocionada:
- Eu sempre o amei, eu esperei você por toda minha vida, tive tanto medo de perdê-lo, de não tê-lo...
- Shhh, isso acabou, não haverá mais nenhuma mulher em minha vida, conversarei com Linda... Vou ser seu hoje e para sempre, Ciih. Mas agora eu preciso estar dentro de você...
- Oh, AJ... Linda, ela pode chegar e...
- Esqueça tudo, amor, ninguém chegará. Não pense em nada agora, somente em nós...
Hesitante, já temendo a resposta, AJ perguntou:
- Ciih, você já... Foi de mais alguém?
- Não, nenhum homem, ao menos, me tocou como você. Eu...
- Oh, querida, não precisa dizer-me mais nada, eu sei, você é minha, somente minha.
E por mais machista que isso parecesse, AJ se sentiu elevado em saber que Cecília realmente havia esperado por ele. Agora mais do que nunca, aquilo precisava ser especial para ela. Ele precisava ir devagar, precisava se conter, para dar a mulher de sua vida uma primeira vez inesquecível. Por mais que quisesse estar dentro de Ciih, aliviar seu próprio desejo, ele primeiro se concentraria nela, somente nela.
- Precisamos sair daqui, te quero numa cama, Ciih.
- Não, AJ, eu o quero aqui. – e Ciih trouxe AJ mais para perto, beijando-o, fazendo-o enlouquecer ainda mais.
AJ sentiu o cheiro da excitação de Cecília, o cheiro de sua essência em suas mãos e falou suavemente:
- Há muito tempo que espero, com loucura, para fazer isso...
E AJ foi descendo sua boca pelo corpo dela, beijando-lhe cada pedacinho.
Cecília imaginou que depois do clímax que havia alcançado, não conseguiria sentir-se ainda mais excitada, mas sentir a boca de AJ beijar-lhe o corpo a estava preparando para mais uma viagem, uma viagem intensa.
AJ se sentia perdido diante de tanta perfeição. Os cabelos castanhos e ondulados de Cecília estavam espalhados pela espreguiçadeira. Os raios de Sol refletidos nos fios castanhos, transformava-os numa moldura feita de ouro para seu rosto que parecia sido pintado por um artista perfeccionista, tal era sua beleza; os olhos brilhantes, as faces rosadas, os lábios vermelhos e inchados, entreabertos para facilitar sua respiração acelerada. Seu pescoço era delicado, os ombros macios, os seios... Ah, os seios... Eram mais que perfeitos, com os mamilos parecendo botões de rosas, com o verdadeiro sabor do néctar.
Ela tinha a cintura fina e aquele piercing, era puro deleite erótico. Seus pelos pubianos eram macios, um pouco mais escuros que seus cabelos e tinham a forma de um triângulo perfeito. Seus “lábios” eram grossos, generosos, dando o acabamento exato para a entrada ao paraíso. As pernas de Cecília sempre foram à maior tentação para AJ, fortes, musculosas, sem perderem a feminilidade. Ele era um homem de sorte em tê-la ali em seus braços e por saber-se amado por um ser que era a personificação de que os seres humanos eram verdadeiramente a semelhança de Deus. Perfeitos!
Era indiscutivelmente diferente fazer amor, com alguém que ele se importava, com alguém que ele amava. Os seus sentidos pareciam ter se intensificado, ele ouvia os gemidos como se saíssem de dentro de seu próprio cérebro; o cheiro de Cecília o invadira inteiro; todo gosto dela estava em sua boca. E quando ele chegou ao triângulo no meio de suas pernas, ele não quis menos. Com as mãos em suas nádegas ele a trouxe inteira para sua boca, envolveu e sugou até a última gota do seu prazer, murmurando:
- Isso é melhor do que eu pensava, seu gosto é tudo e muito mais do que imaginei... Doce! Salgado! Maravilhoso!
Cecília achou que dessa vez ela desfaleceria. AJ literalmente a estava devorando. Ele sugava seu clitóris para dentro de sua boca, como se estivesse saboreando um manjar dos deuses e introduzia sua língua o mais fundo que podia alcançar. Tudo sem ao menos por um segundo, tirar os olhos das reações de Cecília. E murmurava palavras e emitia gemidos de puro deleite. Segurava-a firmemente pelas nádegas, quando ela achava que não iria agüentar mais e tentava se afastar, ele a aproximava ainda mais. Dessa vez ela não subiu aos céus, ela teve certeza que foi o céu que desceu e a alcançou. Nem ao menos saberia dizer se gritou ou não, pois sua mente sumiu por segundos e mesmo durante o dia, ela poderia jurar que vira estrelas.
AJ mais uma vez a abraçou e a embalou até que ela se recuperasse e quando ele percebeu que ela lhe entenderia, disse, zombeteiro e orgulhoso de si mesmo por ter proporcionado aquela mulher divina um prazer desmedido:
- Espero que essas paredes sejam a prova de som. Senão daqui a pouco tenho quase certeza que teremos companhia.
Cecília deu-lhe um sorriso e corou, ele balançou a cabeça negativamente:
- Nunca, mais nunca mesmo, tenha vergonha de ser você mesma comigo, de se abrir, de se soltar inteiramente. Você é linda, perfeita, Ciih. Tudo que um homem deseja em uma mulher...
Ela o beijou elevada, queria dar a AJ todo o prazer que ele lhe havia proporcionado. Trazendo-o para si, ela abriu suas pernas convidando-o ao ato supremo.
Ele a beijou de volta, mas parou olhando-a com os olhos escurecidos pelo desejo:
- Precisamos sair daqui, Ciih, eu não tenho como nos proteger aqui, entende?
- Eu não me importo – disse Ciih, já enlaçando a cintura de AJ com suas pernas, fazendo o membro intumescido tocar em sua umidade latejante – eu quero senti-lo inteiro sem barreiras! Eu confio em você...
- Eu sei querida, mas você pode ficar grávida...
- Será o dia mais feliz da minha vida, o dia que souber que estou carregando um filho seu – e os dois gemeram, quando Ciih, com a ajuda de suas pernas o trouxe mais para perto, fazendo que uma pequena parte de seu pênis a penetrasse.
Com o maxilar contraído para tentar controlar-se, AJ disse:
- Devagar, meu amor, devagar. Isso pode ser dolorido para você.
Cecília já estava novamente louca de desejo e disse com a voz entrecortada:
- Por favor, AJ, me possua, eu não sentirei dor, você não me machucará...
AJ, de qualquer maneira, não suportaria mais. Ele ainda tentou se controlar e penetrá-la aos poucos para poupá-la, mas percebeu que dessa forma talvez a fizesse sentir mais dor e com uma única arremetida, ele chegou ao âmago de Cecília.
Cecília se retesou e mordeu os lábios para não gritar de dor, o que fez AJ parar e falar:
- Agora acabou. É só relaxar, amor, relaxe para eu poder lhe dar prazer.
Devagar ele começou movimentar-se dentro de Ciih. Suas arremetidas eram lentas, mas profundas, fazendo-o suar, tamanha era sua concentração e controle, para que ele não alcançasse o clímax antes dela.
Ele nunca havia imaginado que seu ato de amor com Ciih poderia ser assim, tão intenso. Jamais imaginou que fazer amor com ela, poderia lhe causar esse fascínio, essa dor de amor. Ele sentia Cecília o envolvendo por inteiro, ali estava seu corpo, seu coração, sua alma, por isso era tão sensacional.
Ele estava tão extasiado que sentiu lágrimas em seus olhos e pronunciou o nome de Cecília com voz entrecortada de desejo e emoção:
- Ciih?...
E Cecília entendeu que ele estava pedindo a ela se poderia gozar, ao que ela respondeu:
- Sim, amor, sim...
Ele acelerou o ritmo de suas investidas e sentiu o corpo de Cecília apertar seu membro, sabia que agora ele poderia libertar o animal irracional que o dominava, pois os dois iriam alcançar o clímax juntos. E com investidas profundas, ritmadas, aceleradas, sentiu o momento que Cecília saía desse plano para alcançar um plano superior e com um urro gutural, ele soltou todo seu desejo, toda sua loucura, acumulada em cinco anos de espera e angústia.
Caiu sobre Cecília exausto, satisfeito, como nunca na vida ele havia se sentindo. Nem sua primeira vez, havia sido assim, cheia de fascínio, amor, entrega total.
Ele deitou-se de lado e trouxe Cecília consigo. Abraçando-a forte, como se ela fosse somente um sonho e ele pudesse a qualquer momento acordar sem tê-la ao seu lado e a ouviu soluçar. Ela estava chorando! Deus, ele a havia machucado:
- Ciih, amor, eu a machuquei? Desculpe-me... Desculpe-me...
- Não, AJ. Você foi maravilhoso, jamais imaginei que o amor pudesse ser assim, tão... Tão... Não sei que palavra usar para expressar o que estou sentindo.
E ela o apertou mais no seu abraço. Ficaram enlaçados, somente lembrando-se do ato e desfrutando do momento.
O fax estava funcionando, por isso Bella não ouviu o motor do carro que se aproximava da entrada.
Quando a porta vibrou com a chamada, apareceu pela janela a olhar. Não viu quem estava de pé no alpendre, mas sim viu o Jaguar cinza estacionado detrás de seu carro e deixou escapar um suspiro enquanto, com o café na mão, passava à sala de estar para abrir a porta. Logo que eram às oito e meia, muito cedo para ter que lutar com o Nick Carter.
O primeiro que advertiu ao abrir a porta foi que estava furioso.
A única vez que o tinha visto naquele estado foi o dia em que foi ao barraco a lhes dizer que Renée fugiu, e de novo aquela noite quando os expulsou a todos da cidade. Ao olhar a expressão fria e desumana daqueles olhos claros, relampejou em sua mente a lembrança daquela noite, e as duras imagens a reduziram em um instante à menina aterrorizada que era então. Gelou-lhe o sangue e retrocedeu um passo ao mesmo tempo em que Nick entrava na casa deixando que a porta se fechasse de um golpe.
Bella se sobressaltou ao ouvir o ruído. Seus olhos, verdes e muito abertos, estavam fixos no rosto do Nick, como se não se atrevesse a desviar o olhar.
—Que diabos acha que está fazendo? —perguntou-lhe ele muito brandamente, com uma voz aveludada que resultava tão cortante como o fio de uma espada contra outra. Avançou um passo mais, ameaçador, e Bella retrocedeu outra vez. A xícara de café lhe tremeu na mão.
A cada passo que ele dava para frente, ela dava outro para trás, uma lenta dança que terminou quando Bella se chocou contra a parede e ficou pressionando com as costas contra a madeira como se pudesse atravessá-la pela força. Nick colocou rapidamente os braços antes que ela pudesse deslizar-se a um lado e plantou as palmas das mãos contra a parede, a ambos os lados dos ombros de Bella, aprisionando-a com a jaula que formavam seu corpo e seus braços. Inclinou-se ligeiramente; tinha abertos os dois botões superiores da camisa e lhe via uma cunha de pele cálida e olivácea decorado com um pêlo claro e liso. O pulso lhe pulsava visivelmente na base da garganta, justo diante dos olhos de Bell. Esta cravou o olhar naquele movimento rítmico, desesperado por tranqüilizar-se. Não tinha quatorze anos. Nick não podia expulsá-la de sua própria casa.
—E então? —perguntou ele, ainda naquele perigoso tom de ronronem.
Suas grossas mãos lhe estavam espremendo os ombros nus sob a blusa sem mangas; sentia sua pele quente contra a dele. Seus ombros largos e seu poderoso peito eram como um muro que tinha diante de si, e seu aroma masculino, penetrante e almiscarado fez que suas fossas nasais batessem as asas automaticamente de prazer. Ainda sustentava a xícara de café, a modo de escudo entre eles, e então tragou saliva e conseguiu dizer:
—Do que está falando?
Ele se inclinou ainda mais, tanto que seu estômago roçou os dedos de Bella.
—Estou falando de todas essas perguntas que estiveste fazendo. Ontem à noite Alex me disse que esteve em seu escritório. Uma coisa é falar com o Alex, que mantém a boca fechada, mas adivinha a quem vi esta manhã: ao Ed Morgan. —Apesar de seu tom calmo, Bella via arder uma fria cólera em seus olhos. Se ele tivesse um ataque de ira, não estaria nem a metade de nervosa. Mas naquele estado de ânimo era capaz de algo, embora, por mais estranho que parecesse, não lhe tinha medo físico. Não; se Nick lhe fizesse mal, seria um dano emocional.—Só vou lhe dizer isso uma vez. —Pronunciou aquela frase com toda precisão, aproximando-se ainda mais, até quase lhe tocar o nariz com a seu. —Deixa de fazer perguntas sobre meu pai. Se te intrometer não fará mais que provocar fofocas e fazer mal outra vez a minha família. E se isso ocorre, Bella, sim que voltarei a te expulsar daqui, pelo meio que for necessário. Pode estar certa disso. Assim tem em conta, não quero que por essa bonita boca saia nem sequer em sussurro o nome de meu pai.
Os olhos verdes e muito abertos de Bella olharam fixamente os dele, escuros e gélidos, tão somente separados por uns poucos centímetros. Ela elevou o queixo e abriu a boca, que ele considerava bonita, para atirar ao leão da cauda deliberadamente, e pronunciou duas palavras:
—Bob Carter.
Viu como as pupilas do Nick se dilatavam de incredulidade, e logo como o gelo de seus olhos era engolido pelo puro fogo. Talvez não tivesse sido prudente provocá-lo, mas contemplar o resultado foi fascinante. Pareceu alargar-se pela fúria, seu rosto se tingiu de uma cor escura, e se não tivesse levado o cabelo recolhido para trás, Bella pensou que inclusive provavelmente lhe teria posto de ponta.
Dispôs de uma fração de segundo para desfrutar do espetáculo. Logo, Nick se moveu com a mesma velocidade que da vez anterior e levantou as mãos da parede para as fechar com força sobre os braços de Bella, e lhe deu uma forte sacudida. A ela lhe afrouxou a mão que sustentava a esquecida xícara de café, e notou como lhe escapava de entre os dedos. Lançou uma leve exclamação no intento de retê-la, mas Nick estava muito perto e quão único conseguiu foi verter-lhe em cima, antes de deixar que o líquido fumegante queimasse a ele. O café lhe ensopou a saia e a pegou na coxa antes de cair por fim a seus pés. Lançou outra exclamação, desta vez de dor.
A xícara se estatelou contra o chão e perdeu a asa, mas o resto ficou intacto. Nick deu um salto para trás e soltou automaticamente a Bella, que tratava freneticamente de separar o tecido molhado da coxa ardida.
Ele a percorreu com o olhar e disse:
—Droga — em tom áspero. Agarrou-a, atraiu-a por volta de si e suas mãos trabalharam durante uns instantes na parte posterior de sua cintura. A saia se afrouxou e caiu aos pés de Bella. Ele a levantou do chão tomando-a em seus braços e ela aturdida agarrou-se em seus ombros enquanto a habitação girava a seu redor.
—O que está fazendo? —exclamou alarmada enquanto ele a levava a toda pressa à cozinha. Estava confusa pela impressão causada pela dor, e ele se movia muito rápido para poder entender nada. E por debaixo de tudo isso, era muito consciente de que tinha as pernas nuas por cima do braço do Nick e de que só ia vestida com a blusa e uma calcinha.
Nick enganchou um pé em uma cadeira, separou esta da mesa e ato seguido depositou a Bella com cuidado nela. Voltou-se para a pia, tirou várias toalhas de papel, fez um pacote com elas e o pôs debaixo da água fria. Ainda gotejava quando o aplicou sobre a coxa avermelhada e ardida. Bella se estremeceu ao notar o frio. A água escorreu pela sua perna até o assento da cadeira e lhe molhou a calcinha.
—Me esqueci do café — murmurou Nick. Na verdade, nem sequer se tinha fixado nele até que o viu escorrendo pela perna de Bella. —Sinto muito, Bella tem chá? — antes que ela pudesse responder, já estava abrindo a porta da geladeira e tirando a jarra de chá que era quase de rigor em todas as cozinhas sulinas.
Abriu e fechou as gavetas dos armários até dar com toalhas limpas. Extraiu uma, introduziu-a na jarra de chá e depois a tirou e a escorreu com cuidado para retirar o líquido restante. Bella observou divertida como ele retirava a bola de papel e a atirava a pia para substituí-la pela toalha ensopada de chá. Se a água lhe pareceu fria, o chá estava gelado. Bella respirou fundo e gemeu enquanto o líquido lhe escorria pela perna e formava um atoleiro debaixo de seu traseiro.
—Dói? —perguntou Nick, dobrando um joelho para lhe passar a toalha pela coxa. Sua voz soava tensa pela ansiedade.
—Não — respondeu ela com brutalidade. —Está frio, e me está ensopando o traseiro.
Tinha o rosto de Nick à altura do dela. Ao dizer aquilo, viu que a preocupação se apagava de seu olhar e se relaxava a tensão de seus ombros. Nick agarrou o respaldo da cadeira com a mão esquerda e perguntou com humor irônico:
—Exagerei?
Ela franziu os lábios.
—Um pouquinho.
—Tem a perna vermelha. Sei que te queimaste.
—Só um pouco. Arde um pouquinho, isso é tudo. Duvido que me formem bolhas. —Entrecerrou os olhos para olhá-lo, tentando ocultar a risada que lhe fervia no peito. —Agradeço sua preocupação, mas certamente não justifica que me tirasse à metade da roupa.
Nick lhe olhou as pernas nuas e o algodão branco da roupa interior apenas visível por debaixo da borda da blusa. Sentiu um tremor que lhe percorria todo o corpo. Pôs a mão direita sobre a coxa ferida e a acariciou com a palma a elasticidade tranqüila daquela carne, fascinado por sua textura de seda.
—Levo muito tempo desejando te molhar a calcinha —murmurou, —mas não com chá.
A risada desapareceu como se não tivesse existido nunca. A tensão nasceu entre eles, tão densa que era quase evidente. Bella sentiu que lhe contraíam as vísceras ao ouvir aquilo, notou um calor que lhe alagava a virilha, um endurecimento nos seios. Experimentou o umedecimento do desejo, e em seus lábios tremeu a tentação de pronunciar: «Já o tem feito», mas reprimiu o impulso, pois sabia que declarar em voz alta aquela delatora reação suporia transpassar uma fronteira que não se atrevia a cruzar. Do Nick emanava uma tensão sexual semelhante a um campo de força, quente e urgente. Só com que fizesse aquela confissão, teria-o em cima dela imediatamente.
Sofria pela necessidade de tocá-lo, de apertar-se contra aquele corpo grande e duro como o aço, de abrir seu próprio corpo a ele. Só o instinto de conservação a manteve silenciosa e imóvel.
Nick se aproximou de forma imperceptível, inalando seu aroma doce e picante. O sangue lhe pulsava nas veias, potente. Olharam-se em silêncio um ao outro, como dois adversários enfrentados em uma rua poeirenta. Desejava lhe baixar a calcinha e afundar a cara em seu colo, um impulso tão forte que se estremeceu pelo esforço de resistir a ele, e se perguntou o que faria Bella se ele se deixasse levar. Assustaria-se, empurraria-o para afastá-lo... Ou abriria as pernas e lhe agarraria o cabelo com as mãos?
Sua mão se flexionou sobre a coxa de Bella, seus dedos pressionaram a carne sedosa que se esquentou sob seu contato. Viu como se dilatavam suas pupilas e a seguir baixava as pálpebras para inalar ar, profundo e lentamente, um movimento que lhe fez fixar-se em seus seios.
Moveu um pouco a mão e agitou o polegar para frente e para trás, cada vez um pouco mais acima, mais em direção à fenda que se abria entre as coxas apertadas. Queria tocá-la. Esqueceu-se da Leslie, do Bob e de tudo exceto o movimento lento e ardente de seu dedo polegar, cada vez mais perto daquela carne de deliciosa suavidade que aguardava entre as pernas, tão fracamente protegida pela magra capa de algodão. Deslizaria o dedo sob o elástico e encontraria o sulco daquelas dobras estreitamente fechadas. Logo o arrastaria para cima, abrindo-a pouco a pouco, até encontrar o diminuto casulo que coroava seu sexo.
Se lhe permitisse tocá-la, seria dele. A tomaria ali mesmo.
Seu dedo polegar roçou a borracha elástica. Bella se moveu, agarrou-lhe a mão com a sua e a separou da coxa.
—Não — sussurrou.
A frustração o invadiu como uma labareda. Um som muito parecido a um rugido retumbou em sua garganta enquanto seus instintos físicos lutavam por impor-se à razão. Ganhou o cérebro, mas com muita dificuldade. Estava suando, tremendo pela necessidade de tomá-la. Sua ereção pugnava dolorosamente contra a limitação das calças.
—Não — voltou a dizer Bella, como se o primeiro rechaço necessitasse reforços, e provavelmente fosse assim.
Nick girou a mão de modo que seus dedos se entrelaçaram com os dela.
—Então segura minha mão um minuto.
Bella assim o fez e segurou a mão dele, sentindo como seus dedos se crispavam e flexionavam como se procurassem algo. A outra mão agarrava o respaldo da cadeira, e os nódulos se viam brancos pela pressão.
Ao cabo de uns instantes de duração indefinida, o tempo se congelou enquanto os olhares de ambos se cravavam um no outro e o desejo flutuava no ambiente. A terrível tensão dele começou a desvanecer-se. Fez uma careta de dor e mudou de postura, estirando a perna. Liberou a mão para baixá-la e fazer um ajuste, e o franzido de suas sobrancelhas se foi esfumando até ficar mais cômodo.
Bella pigarreou, insegura do que dizer, se tivesse que dizer algo.
Nick ficou em pé com rigidez. A grossa protuberância de suas calças era inconfundível, mas já tinha recuperado o controle. Tomou a toalha e a estendeu sobre as coxas de Bella para não ver a tentação, embora seguisse tendo-a perto.
Ao cabo de um minuto disse em voz baixa:
—Está segura de estar bem?
—Sim. —Bella também falou em voz baixa, como se um ruído excessivo fosse fazer pedacinhos o controle de ambos e a lançá-los pelo precipício que com muita dificuldade ela tinha conseguido evitar. Aquela sede não tinha sido de um só. —É uma queimadura sem importância. Provavelmente, amanhã nem sequer a notarei. —A ardência tinha desaparecido totalmente, mitigada pelo chá frio.
—Está bem. —Nick a olhou e levantou uma mão como se fosse lhe acariciar o cabelo, mas a deixou cair a um lado. Não era seguro permitir-se tocá-la ainda. —Bem, pois me diga por que esteve fazendo perguntas a respeito de meu pai.
Bella o olhou, o fogo claro de seu cabelo. Queria lhe dizer o que suspeitava que seu pai estivesse morto, mas descobriu que a voz lhe entupiu na garganta. Não podia fazê-lo. Tinha que acreditar que ele não sabia nada disso, que não tinha tido nada que ver com a morte de seu pai, porque o amava e, se não fosse assim, romperia-lhe o coração. E porque o amava, não podia lhe fazer dano. Atirou-se em cima a propósito a taça de café, para que ele não se escaldasse; como ia dizer lhe agora que o pai ao que tanto amava provavelmente tinha morrido assassinado?
De modo que em lugar disso lhe disse algo que era verdade no conteúdo, mas uma mentira na intenção, e murmurou:
—Ele também faz parte do meu passado. Quase não recordo quando ele não estava presente, entretanto, na realidade nunca o conheci. Sempre era amável comigo quando nos víamos, o qual não acontecia muito freqüentemente, mas perdi a minha mãe por culpa dele. Acha que não tenho curiosidade em saber como era como pessoa? Que não deveria tentar atar os cabos soltos, encontrar alguma lógica ao que aconteceu?
—Boa sorte — resmungou Nick. Eu acreditava que o conhecia melhor que ninguém no mundo, e ainda não lhe encontro nenhuma lógica. —Calou durante uns instantes. —Se tiver mais pergunta que fazer sobre meu pai, faça a mim, porque falei sério. Não quero me pôr mal contigo, Bella, mas farei o que for necessário para proteger a minha família. Não o esqueça.
Já que se tinha devotado... Mas não, não era o momento de prolongar aquele encontro lhe disparando perguntas, estando ela meio nua e ele como um cartucho de dinamite sexual, cevado e preparado para explodir. Assim que se limitou a olhá-lo em silêncio, e ao cabo de uns instantes a boca dele se torceu em um sorriso.
—Então não me promete nada, né? Pensa bem, neném. Não ponha as coisas mais difíceis que o necessário. Você só guarda silêncio e te comporte.
—Como uma boa menina?
—Como uma mulher inteligente — corrigiu Nick. Sua mão se moveu de novo para ela, e ele de novo interrompeu o gesto. Bella tinha a sensação de que queria ficar, continuar com o que tinha começado, mas ela o tinha rechaçado e ele estava obrigando a si mesmo a aceitar aquela decisão... No momento. Cada vez que se vissem voltariam a encetar-se em outra batalha, e a tentação de render-se seria muito mais forte precisamente por havê-lo rechaçado.
—Vou partir — disse Nick.
—Muito bem.
Ele não se moveu. Então disse:
—Não quero partir.
—Vá de todo modo.
Ele riu levemente.
—É uma mulher dura, Bella Smith.
—Hardy.
—A ele não o conheci. Para mim não é real. Amava-o?
—Sim. Mas não do modo que amo a ti, pensou ela. Jamais.
Brilharam os olhos claros do Nick, e desta vez a tocou, tomando a bochecha na mão.
—Para mim sempre será uma Smith, com esse cabelo vermelho e esses olhos de bruxa. —Inclinou-se e posou brandamente sua boca sobre a dela em um breve beijo. Ato seguido partiu, e quando a porta se fechou atrás dele, Bella se afundou na cadeira com uma expressão de alívio.
Sentia-se igual a se uma tormenta tivesse penetrado naquela habitação e a tivesse arrojado pelo chão. Ainda lhe retumbava o coração, e tinha os músculos como se fossem espaguetes cozidos. Aqueles precisos momentos tinham sido dos mais eróticos de toda sua vida, e o único que tinha feito ele era tocá-la na perna. Se lhe tivesse feito amor de verdade, teria perdido completamente o controle de si mesmo. Assustava-a, a intensidade que ele era capaz de provocar com um olhar, um breve contato, inclusive com o delicioso aroma almiscarado de sua masculinidade.
Para mim, você sempre será uma Smith.
Não era precisamente a melhor das recomendações. Só podia supor que o que tinha querido dizer era que nunca poderia esquecer seu passado, sua herança, que nada que ela fizesse faria mudar a opinião que tinha.
E eu te amarei sempre, sussurrou-lhe mentalmente. Sempre.
Só um toque na perna, e esteve a ponto de correr, pensou Nick com ironia. Deus, se de fato tivesse entrado nela, provavelmente o coração lhe teria explodido de tensão.
Tremiam-lhe as mãos sobre o volante, uma reação comum se passava mais de um minuto na companhia de Bella. Seria mais fácil se ela não reagisse como fazia; podia ficar quieta, podia dizer que não, mas seguia tendo aquele olhar ardente e lânguido nos olhos. Conhecia todos os sinais. A respiração que se voltava mais profunda, os seios que se arredondavam e se enchiam, os mamilos que se endureciam. Embora não a beijou até aquele rápido contato nos lábios ao partir, porque não pôde resistir mais ao impulso, a boca de Bella esteve vermelha e torcida. Um delicado rubor brilhava por debaixo de sua pele translúcida.
Desejava-a. Tinha que obrigá-la a partir. Desejava-a. Aquelas necessidades contrárias o estavam deixando louco.
Não tinha aceitado deixar de fazer perguntas. Não tinha discutido com ele, mas estava começando a dar-se conta de que aquele seu silêncio mascarava uma veia de teima tão grande como o Grande Canhão. Era possível que não brigasse, mas estava claro que resistia. Desde menina já tinha sido muito freqüentemente castigada pela vida, quando se encontrava desamparada para tomar decisões próprias. Agora que podia decidir por si mesmo, permitia que muito poucas coisas lhe impedissem de fazê-lo. Aquela tenacidade era provavelmente a razão principal pela que, a jovem idade de vinte e seis anos, já tinha um negócio próprio.
Naquelas circunstâncias, não era provável que ele conseguisse convencê-la de que partisse. E como estava claro que não podia confiar em seu próprio raciocínio para não se aproximar dela, previu que lhe moravam dias difíceis.
A Leslie tremia as mãos quando abriu a porta do escritório do Alex e sorriu a Andrea, mas se arrumou para manter o tom de voz firme e alegre quando disse:
—Espero que Alex esteja. Estive na cidade e me recordei que tinha que lhe perguntar uma coisa.
—É seu dia de sorte — repôs Andrea, sorridente. Conhecia a Leslie desde que era um bebê. —Chegou faz uns cinco minutos. Está lavando as mãos, mas sairá em um minuto. Passa e sente-se.
O de lavar as mãos era, é obvio uma forma educada de dizer que estava no banheiro. Aquilo era o que diria sua mãe, pensou Leslie, se é que alguma vez aludia ao banheiro. Ao longo de trinta e dois anos, não recordava que sua mãe tivesse reconhecido jamais a verdadeira função da privada. As realidades físicas deviam esconder-se na medida do possível, ou ignorar-se. Por mais que tentasse, Leslie não imaginava a sua mãe tendo relações sexuais, embora Nick e ela constituíam uma prova de que as tinha tido pelo menos duas vezes.
E quanto a ir ver um obstetra e à indignidade de ter um bebê... O incrível era que sua mãe não se trancou no quarto para não deixar entrar o seu pai depois desde que nasceu Nick, em vez de passar outra vez por isso.
Leslie evitou o sofá de couro e foi até a janela para contemplar a praça da delegacia. As flores da primavera estavam dando passagem rapidamente a densa e abundante folhagem do verão. O tempo avançava implacável, a terra e os novelos repetiam seus ciclos alheios aos insignificantes seres humanos, tão apanhados em sua própria grandeza que acreditavam exercer seu efeito sobre todas as coisas.
Alex entrou na estadia sorrindo ao vê-la.
—O que te traz hoje por aqui? —Tinha jantado com eles a noite anterior, de modo que qualquer assunto teria sido tratado lá então.
Leslie olhou aquele rosto magro e arrumado, os olhos castanhos e amáveis, e lhe secou a garganta.
Levava uma semana tentando reunir coragem suficiente para falar com ele. De fato tinha conseguido chegar até seu escritório, mas agora lhe falhou a voz.
Alex franziu o sobrecenho ao ver o sofrimento em seus olhos.
—O que ocorre querida? —perguntou-lhe com suavidade ao mesmo tempo em que fechava a porta e se aproximava para lhe agarrar a mão.
Ela respirou fundo. Às vezes tinha a impressão de estar louca, de que aqueles momentos que passava com o Alex existiam só em sua imaginação. Nos olhos dele não havia nunca indício algum disso, nem tampouco em sua forma de atuar, quando estavam juntos em situações normais.
Simplesmente era o Alex de sempre, um ombro robusto sobre o que chorar que ia em silêncio para carregar com todo o peso que pudesse, até que ela e Nick foram capazes de arrumar-se. Na realidade era como se aqueles momentos furtivos os vivessem outras duas pessoas, seu pai e sua mãe, que se juntavam por meio da carne de outros.
Aquele era Alex, recordou a si mesmo. Não ia partir. Seu amor e seu apoio não dependiam de se ela se deitava com ele ou não. Para ele tinha sido algo cômodo, isso era tudo, uma válvula de escape para seus sentimentos reprimidos. Aquilo era o que lhe dizia a lógica. Entretanto, emocionalmente estava aterrada. Já a tinha abandonado um pai, seu amor por ela não era o bastante forte para retê-lo em contraposição com o atrativo de transar com Renée Smith. Não poderia suportar perder também ao Alex.
Mas tinha Mike. O doce, o sexy Mike. Se não aproveitasse a oportunidade já, talvez o perdesse para sempre, e de ter que escolher entre os dois homens, não havia opção possível.
Mike era seu coração, o sangue que percorria seu corpo.
—Leslie? —insistiu Alex com seus olhos castanhos obscurecidos pela preocupação.
Ela tragou saliva. Tinha que lhe dizer. Fechou os olhos e o soltou sem mais.
—Vou casar-me com o Mike McFane.
Produziu-se um momento de silêncio, durante o qual Leslie fechou os olhos com mais força, aguardando presa de pânico. Mas transcorreram os segundos e Alex seguiu sem dizer nada, até que por fim a tensão se voltou tão aguda que não pôde suportá-la durante mais tempo e abriu os olhos.
Ele sorria, com uma expressão de afetuosa exasperação no semblante.
—Felicidades — lhe disse, e se pôs a rir. —O que esperava que dissesse?
Leslie, estupefata, ficou olhando.
—Pois... Não sei.
—Me alegro por ti, querida. Nem você nem Nick mostraram inclinação alguma para casar, e isso me preocupava. O xerife é um homem bom e estável.
Ela se umedeceu os lábios.
—Mamãe não vai gostar.
Alex calou durante um momento, reflexivo.
—É provável que não, mas não permita que isso seja um obstáculo. Merece ser feliz, Leslie.
—Não quero incomodá-la.
—Há algumas coisas que deve enfrentar-se, e algumas coisas que não tem por que. Neste caso, te case com o Mike e seja o mais feliz possível. Acredite-me, isto não vai incomodar a nem a metade que se inteirar de Bella Smith.
Bella Smith? Leslie piscou.
—O que acontece ela? —Dado que sua mãe já sabia que Bella se mudou a Nashville, a frase do Alex não tinha sentido.
—Não lhe há isso dito Nick? —O advogado parecia surpreso.
—É evidente que não. O que tinha que me dizer?
Alex suspirou.
—Esteve fazendo perguntas por aí... Sobre o Bob. Perguntas pessoais. Se ninguém impedir, começará a revirar tudo de novo, e isso fará mal a Jane, muito mais que seu casamento.
Leslie se sentiu como se lhe houvessem propiciado uma bofetada. Por que Bella Smith estava fazendo perguntas sobre seu pai? A só idéia lhe parecia um ultraje. É que não era suficiente que a puta de sua mãe o tivesse levado e ela não houvesse retornado a vê-lo? Ficou vermelha de ira.
—Que tipo de perguntas esteve fazendo? Deus santo, o que se traz entre mãos?
—Perguntas pessoais, que tipo de pessoa era, coisas assim. Ontem veio aqui porque tinha ouvido dizer que eu era seu melhor amigo. Uma coisa é que fale comigo, mas Nick tem descoberto esta manhã que esteve incomodando ao Ed Morgan também.
—Perguntou por papai nada menos que ao Ed Morgan? —exclamou Leslie. —Esse homem é o maior fofoqueiro da cidade!
—Já se encarregou Nick — disse Alex em tom tranqüilizador, e lhe acariciou a mão. —Já conhece seu irmão. Em dez segundos fez que Ed ficasse a gaguejar e recuar.
Quando Nick estava furioso realmente dava medo, com aquele olhar frio e letal que punha.
Não se imaginava ao Ed Morgan suportando-o nem sequer durante dez segundos. Aquela notícia a divertiu um momento, mas ficou desbancada pela indignação pelo descaramento de Bella Smith.
—Compreendo que tenha curiosidade —disse Alex, —mas, como hei dito ao Nick, poderia ser desastroso que se inteirasse sua mãe.
—Pois eu não compreendo essa curiosidade! —exclamou Leslie. Deus, que pouco tinha feito falta para ressuscitar tudo, a sensação de perda e de angústia, a dor asfixiante. Sentiu como a alagava o ódio. Soltou-se a mão e se voltou de costas. —Nick fechou a boca ao Ed Morgan, mas, o que vai fazer com Bella?
—Não sei. —Alex sacudiu a cabeça negativamente. —Já sei que não está de acordo, mas quanto se deve viver aqui eu opinava que terei que deixá-la em paz. O que aconteceu não foi culpa dela, e merece o direito de viver onde quiser. Isso é algo a que deveria haver se enfrentado Jane e havê-lo assimilado o melhor possível. Isto é distinto. Isto é deliberado, e é algo do que sim é culpado.
—Nick se encarregará disso — disse Leslie. —Tem que fazê-lo.
—Não sei se poderá.
—Naturalmente que sim! Há muitas coisas que pode fazer.
—Deixa que o explique de outra forma. Não acredito que possa ser tão drástico com Bella, tendo em conta o que sente por ela. Acordada, Leslie! —repreendeu-a. — Preste atenção a seu irmão. Sente-se atraído por ela. Isto não resulta nada fácil para ele. Leslie sentiu que o sangue fugia de seu rosto e o deixava sem forças. Nick se sentia atraído... Por aquela mulher? Não, Deus não podia ser tão cruel. Não podia fazê-la passar de novo por aquele pesadelo.
Incapaz de dizer nada mais, despediu-se do Alex com um gesto da mão, sem poder fazer frente ao olhar de compaixão que viu em seus olhos. Apressou-se a sair de seu escritório, e até que alcançou a rua não caiu na conta de que não lhe havia dito que já não ia poder estar mais com ele.
Sua mãe morreria se Nick se atasse com a filha de Renée Smith. As fofocas seriam tão cruéis que jamais poderia voltar a levantar a cabeça. Deixou escapar uma rápida risada. E pensar que lhe preocupava o que sua mãe opinasse do Mike McFane!