sexta-feira, 29 de julho de 2011

Doce Luxúria *Prólogo*

Lua Cheia.

Hoje era seu aniversário. A partir das 09h20min da manhã já não teria menos de 32 anos. Brianna suspirou, enviando um sopro de vapor ao ar frio. Então, por que estou aqui fora, no meio dos Montes Urais, escutando um guia turístico falar sem cessar sobre os velhos bosques da Rússia?

Porque fez uma promessa a um homem morto, por isso. O excêntrico, embora querido, tio Alexi sempre quis voltar a visitar a terra onde nasceu, mas nunca teve a oportunidade. Depois da morte de seus pais, tio Alexi a criou como a uma filha. Assim durante anos esteve muito ocupado preocupando-se com ela e fiscalizando seus projetos internacionais de conservação florestal para ter tempo para si mesmo. À medida que passava o tempo e Brianna crescia, ajudou a ela em seus esforços de conservação... mas ele nunca encontrou tempo para ausentar-se.

Pediu a ela que fosse em seu lugar.

— Tem que ver as montanhas e os bosques, Bri. Prometa-me que irá quando eu me for. São tão bonitos que os anjos choram de inveja. Quero que os veja. Provavelmente você também chorará, não é? —Tentou rir, mas seu corpo estava muito fraco pelo câncer.

Morreu naquele mesmo dia, mas só depois que prometeu a ele que visitaria sua pátria.

Tio Alexi tinha razão sobre a região no meio dos Urais; era impressionante. O ar, embora frio, era fresco e limpo, tão claro que alguém podia ver quilômetros das regiões mais altas. Era impressionante estar entre o denso bosque de árvores como estava agora, mas ao mesmo tempo era... horripilante.

Brianna não estava segura do por que a bonita paisagem inspirava tal incômodo temor dentro dela, mas ali estava. Sentia-se nervosa, tensa. Caçada. Por estranho que pudesse parecer a qualquer um que a conhecesse, sentia-se daquela forma há dois dias. Desde que ela e as outras treze pessoas de seu grupo, turistas, estudantes e guias, entraram em uma região particularmente densa do velho bosque.

Durante dois dias havia se sentido espreitada por algum medo sem nome. Quase poderia jurar que se virasse no momento preciso veria um monstro dirigindo-se para ela. Nem sequer a beleza da terra e a fauna podiam afastar sua mente daquele horrível sentimento de estar sendo caçada.

Não ajudava que a cada hora mais ou menos vislumbrasse pelo canto dos olhos um brilho de algo no bosque. Como agora, enquanto algo baixo e veloz se movia entre as árvores, oculto pela densa vegetação...

Mordeu os lábios. Os guias mencionaram que a área estava cheia de animais selvagens, especialmente raposas e lobos. Brianna se encontrou desejando que as sombras que via tão freqüentemente entre as árvores fossem só os curiosos habitantes do bosque e não os monstros de sua imaginação.

Piscou. — Está perdendo a cabeça —murmurou para si mesma— Não há nenhum monstro.

Dando-se conta de que tinha ficado para trás afastando-se do grupo enquanto estava perdida em seus pensamentos, apressou-se para alcançá-los. Gritou quando tropeçou, não notou uma raiz saliente no chão. Ao tropeçar, foi incapaz de recuperar o equilíbrio. Os sedimentos soltos cederam terreno enquanto cambaleava, fazendo-a escorregar.

— Ouchh!

Brianna caiu, ofegando quando viu a si mesma rolando incontrolavelmente por uma ravina íngreme. — OH, Deus!

Seus olhos se arregalaram quando um uivo penetrante se elevou até o céu. Gritando quando sua cabeça golpeou contra uma pedra, rapidamente se rendeu à negra inconsciência.

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